O Vaticano explicou nesta segunda-feira que o papa Francisco expressou no sábado um encorajamento aos esforços de paz com Israel ao desejar que o presidente palestino Mahmud Abbas seja um "anjo da paz", em resposta à comoção provocada por esta formulação em Israel.
Ao receber presidentes estrangeiros, Francisco costuma oferecer um grande medalhão de bronze representando um "anjo da paz", explicando em seguida o porquê deste presente: a saber, promover a paz, segundo explicou aos meios de comunicação o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
De acordo com os jornalistas presentes na reunião, o Papa usou a expressão "anjo da paz" ao se dirigir a Mahmud Abbas.
Mas segundo o padre Lombardi, é evidente que o Papa quis encorajar os esforços para a paz de um homem que ele convidou em 2014 com o presidente Shimon Peres a uma oração pela paz no Vaticano, e que ele pediu para atuar como o "anjo da paz" gravado no medalhão.
"Cada um de nós deve ser para os outros como um anjo mensageiro da paz. Eu estava presente na audiência, mas não ouvi as palavras exatas do Papa, porque foram proferidas em um ambiente familiar e próximo", disse o porta-voz da Santa Sé.
"O sentido de encorajamento parece claro para mim, e esse presente (o medalhão) é dado a muitos presidentes, e não apenas a Abbas", insistiu o padre Lombardi.
No Twitter, muitos internautas consideraram que o Papa tinha sido mal interpretado pela mídia: "O Papa chamou Abbas de anjo da paz? Isso depende a quem você perguntar", afirma um tuíte. Enquanto outro garante: "É a imprensa e não o Papa que chamou Abbas de anjo da paz".
No jornal Le Stampa, Riccardo Pacifici, presidente da Comunidade Judaica de Roma, expressou sua "decepção": "vivemos a exortação do Papa a Abu Mazen 'anjo da paz' como uma amarga ironia. Confiamos a um anjo da morte a esperança de paz, enquanto nós, judeus, queremos o nascimento de um Estado palestino ao lado de Israel e não no seu lugar".
O presidente palestino havia declarado em 18 de março que estava pronto a cooperar com "qualquer governo israelense" que aceite um Estado palestino ao lado de Israel, reafirmando sua posição tradicional.
A Palestina tornou-se membro em 1º de abril do Tribunal Penal Internacional (TPI), encarregado de julgar os crimes mais graves contra o direito internacional, para tentar obter o indiciamento de líderes israelenses por crimes de guerra, especialmente em Gaza.