O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou em uma entrevista divulgada nesta quarta-feira (20) que há uma guerra real entre seu país e a Rússia, e não apenas um combate de Kiev contra rebeldes pró-russos apoiados por Moscou. "Não é um combate contra separatistas apoiados pela Rússia, é uma guerra real com a Rússia", declarou à BBC. "O fato de termos capturado soldados das forças especiais russas constitui uma sólida prova", acrescentou.
Kiev, União Europeia e Estados Unidos denunciam a presença de militares russos no leste da Ucrânia, mas Moscou nega este fato categoricamente. As autoridades ucranianas mostraram na terça-feira à imprensa dois soldados russos supostamente capturados no leste separatista e agora hospitalizados em Kiev, para tentar demonstrar o envolvimento de Moscou no conflito.
O Serviço Secreto Ucraniano (SBU) convidou vários meios de comunicação internacionais e representantes da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), da União Europeia e da ONG Anistia Internacional para que conhecessem estes supostos militares.
As tensas relações das potências ocidentais e Kiev com a Rússia, acusada de intervir no leste ucraniano apoiando os rebeldes pró-russos, ofuscam a reunião cúpula que os presidentes dos 28 países da União Europeia e de seis ex-repúblicas soviéticas realizarão a partir de quinta-feira.
Na reunião de cúpula anterior, realizada em Vilnius em novembro de 2013, o então presidente ucraniano, o pró-russo Viktor Yanukovytch, negou-se no último minuto a assinar um acordo de associação com a UE, ratificado finalmente em junho de 2014 pelo pró-ocidental Poroshenko.
No entanto, esta negativa originou, além da queda de Yanukovytch após uma onda de protestos pró-ocidentais, a incorporação da então península ucraniana da Crimeia à Rússia e o início do conflito no leste da Ucrânia entre forças leais a Kiev e separatistas pró-russos.