O ministro do Interior da Grécia afirmou neste domingo que o país não tem dinheiro para pagar o que deve ao Fundo Monetário Internacional (FMI) no mês de junho.
"As prestações ao FMI em junho chegam a 1,6 bilhão de euros. Este dinheiro não será pago. Não existe dinheiro para pagar. Isto é um fato conhecido", disse o ministro Nikos Voutsis ao canal Mega.
Pouco depois, em uma entrevista à BBC, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, fez uma declaração vaga: "Até agora nos saímos muito bem para cumprir com nossas dívidas, mas em um determinado momento não será possível".
Esta não é a primeira vez que o governo grego faz um alerta sobre o risco, dentro das negociações com os credores internacionais para desbloquear a última parcela de assistência financeira de 7,2 bilhões de euros.
Até o momento não foi possível contactar um porta-voz do primeiro-ministro Alexis Tsipras para comentar as declarações de Voutsis.
A Grécia tem que efetuar quatro pagamentos ao FMI no mês de junho, o primeiro deles, de quase 300 milhões de euros, no dia 5.
De acordo com fontes que conhecem bem o caso da dívida grega e que foram entrevistados pela AFP, o Estado tem fundos para este pagamento e para os salários e pensões até o dia 12, data da segunda prestação do FMI.
O governo de Atenas teria assim um prazo até o dia 12 de junho para fechar um acordo com os credores, UE e FMI, o que Tsipras espera concretizar.
O próprio Voutsis admitiu neste domingo que tem "o otimismo prudente de que acontecerá um acordo sólido".
A postura oficial do governo de coalizão, dominado pela esquerda radical, é que se for obrigado a escolher, Atenas pagará salários e pensões, com um 'default' (suspensão de pagamentos) sobre os pagamentos aos credores.
Varoufakis fez uma declaração neste sentido durante a semana ao jornal New York Times.
"Nas próximas semanas não vou pagar ao FMI e ao mesmo tempo deixar de pagar pensões e salários".
De acordo com o canal Mega, que não teve a informação confirmada ou desmentida, Tsipras ligou no sábado para o secretário americano do Tesouro, Jacob Lew, para pedir que apoie no FMI a ideia de efetuar os quatro pagamentos de junho de uma só vez, no final do mês.