Em entrevista à TV israelense, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a política externa do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, pode fazer o país perder credibilidade como interessado num acordo de paz com os palestinos.
Obama também sugeriu que a constante defesa de Israel por parte dos EUA nas Nações Unidas pode ser revista, embora tenha reafirmado o apoio americano à segurança israelense -o país é um dos principais aliados americanos no Oriente Médio.
O presidente americano disse não ver "possibilidade de acordo" envolvendo Israel e os palestinos nos 18 meses que lhe restam no cargo.
Na entrevista, gravada na Casa Branca na última sexta-feira (29), Obama reconheceu as divisões ideológicas e geográficas entre os palestinos que vêm impedindo as negociações de paz, mas se concentrou nas políticas de Netanyahu.
Em março, durante a campanha que acabaria por elegê-lo para o quarto mandato, o premiê israelense declarou que não haveria um Estado palestino enquanto ele permanecesse no cargo.
Na época, Netanyahu argumentou que a saída de Israel dos territórios ocupados encorajaria a ação de militantes islâmicos.
Depois da reeleição, o primeiro-ministro disse ter revisto suas posições, mas seus acenos a uma negociação de paz são vistos com ceticismo tanto pelos palestinos quanto por diplomatas do Ocidente.
Para Obama, a política externa de Netanyahu impõe "tantas condições [a um acordo], que não é realista pensar que elas serão cumpridas num futuro próximo".
"O perigo é que Israel como um todo perca a credibilidade. A comunidade internacional já não acredita que Israel leve a sério a solução de dois Estados", acrescentou o presidente americano.
A última rodada de negociações patrocinadas pelos EUA foi interrompida há mais de um ano. Os palestinos culparam por isso a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, dois territórios que eles reivindicam para seu Estado.
O gabinete de Netanyahu não comentou a entrevista de Obama. Os dois aliados vêm tendo uma série de atritos nos últimos anos, que incluem o apoio dos EUA a um acordo nuclear com o Irã, inimigo de Israel.