O governo da Venezuela autorizou nesta terça-feira (16) o pouso de um avião militar da FAB (Força Aérea Brasileira) em Caracas com senadores brasileiros que vão se encontrar com familiares de presos políticos no país vizinho. O ministro Jaques Wagner (Defesa), que fez o anúncio da decisão, disse que a solução é a "melhor possível".
"Não havia sido negado, simplesmente não havia sido respondido e eu estava trabalhando também para mostrar que era melhor, que são senadores, que chegassem num avião oficial do Brasil. Eles garantiram toda a circulação [dos senadores] dentro da autonomia deles", disse o ministro.
Wagner se reuniu nesta noite com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para comunicar a autorização do governo venezuelano. Ao longo do dia, senadores da oposição fizeram sucessivos protestos contra o silêncio do governo de Nicolás Maduro, que não havia se manifestado sobre o pedido para a aeronave da FAB pousar no país.
O ministro disse, porém, que o governo da Venezuela não vai autorizar a visita dos senadores brasileiros aos presídios onde estão detidos políticos venezuelanos da oposição. "Eles não vão autorizar a visita, como não autorizaram de outras autoridades. Mas, do ponto de vista da chegada dos senadores e da conversa com os familiares, aí está tudo garantido."
Renan disse estar "aliviado" com a decisão do governo venezuelano para garantir a "normalidade" da visita dos senadores ao país. "Estava preocupado. Já pensou se os senadores vão em uma aeronave privada e esse avião é abatido?", disse Renan.
'DECISÃO ACERTADA'
Líder da comitiva de senadores, Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a decisão foi "acertada" e elogiou a postura de Wagner. Os senadores vão sair do Brasil na quinta-feira (18), às 11h30.
"Me parece o gesto do ministro Jaques extremamente correto e até de reciprocidade. O Brasil recebeu na semana passada o presidente da Assembleia venezuelana, que veio também num avião oficial. E nós vamos lá, atendendo a um convite das oposições da Venezuela, agora de forma oficial, numa aeronave oficial", disse o tucano.
O Ministério da Defesa ofereceu o avião aos congressistas e havia pedido, na semana passada, autorização para pousar no país. O silêncio do governo de Maduro foi interpretado por Renan e senadores da oposição como uma "negativa" ao pedido do governo brasileiro. Com o recuo do governo venezuelano, os senadores brasileiros vão utilizar a aeronave para chegar a Caracas.
Antes da confirmação oficial da autorização, os senadores anunciaram que viajariam em um avião fretado por DEM e PSDB para garantir a visita da oposição ao país. Os partidos usariam recursos próprios, do fundo partidário, para custear a ida à Venezuela no avião alugado.
Irritado com o silêncio da Venezuela, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) chegou a defender o rompimento de acordos legislativos do Brasil com a Venezuela. O parlamentar prometeu apresentar projeto para suspender os acordos se não recebesse nenhuma resposta do governo brasileiro sobre o caso.
Caiado também ameaçou obstruir todas as sabatinas de embaixadores brasileiros na Comissão de Relações Exteriores do Senado se o governo venezuelano se recusasse a deixar o avião militar pousar no país.