As negociações entre Atenas e seus credores sobre um terceiro resgate à Grécia foram retomadas nesta segunda-feira (10), depois de reuniões que duraram todo o final de semana.
Durante todo o sábado e o domingo, os gregos debateram com os credores de Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE) as condições de um novo plano de ajuda.
Segundo uma fonte do governo grego, as negociações foram retomadas nesta manhã, "com intensidade, mas sem tropeços". Segundo a agência ANA, os negociadores desejam chegar a um acordo no máximo até a terça-feira, mas é possível que isso aconteça na noite de hoje.
Atenas precisa demonstrar boa vontade, aceitando as reformas de saneamento da economia do país, em troca do plano de ajuda de mais de 80 bilhões de euros em três anos.
No domingo, uma fonte europeia disse que as discussões poderiam ser concluídas "em 48 horas". O ministro grego da Economia, Yorgos Stathakis, considerou no sábado que as negociações se encontravam "em sua reta final".
Mas ainda faltam muitos pontos para serem consensualizados, como o aumento de impostos sobre rendas altas e do IVA, entre outras questões. Há ainda a sorte reservada aos 90 bilhões de euros de dívidas incobráveis que sujam o balanço dos frágeis bancos gregos. As opções apontadas são uma cessão a fundos especializados ou a criação de um "banco ruim".
O texto do acordo pode ser votado pelos deputados gregos na quinta-feira e no dia seguinte apresentado aos ministros da Economia do Eurogrupo.
Eleições a partir de setembro
Esse cenário ideal permitiria a entrada em vigor do plano de ajuda antes de 20 de agosto, data em que a Grécia deve pagar 3,4 bilhões de euros ao BCE.
Dado o bom ambiente atual de colaboração entre Atenas e seus credores, inédito desde a chegada do Syriza de Alexis Tsipras ao poder em janeiro, não parece que há riscos de os credores de Atenas deixem o país em uma posição que impeça o pagamento da dívida.
A Alemanha parece favorável a não ceder imediatamente ou a prolongar ao máximo as negociações, acordando somente um financiamento-ponte a Atenas para o pagamento ao BCE, em um gesto parecido ao da UE em julho, que emprestou 7 bilhões à Grécia depois de fechar o acordo que abria a possibilidade de um terceiro resgate.
O empréstimo serviu para o pagamento de 4,2 bilhões ao BCE com vencimento em 20 de julho, e dos 2 bilhões que deveriam ter sido pagos ao FMI desde o final de junho.
Nesta segunda-feira (10), o governo alemão disse, por meio de seu porta-voz Steffen Seibert, que considera mais importante fechar um acordo "exaustivo" com a Grécia do que um acordo rápido.
A imprensa grega voltou a apontar nesta segunda-feira a possibilidade de Tsipras, que continua tendo alta popularidade, convocar eleições antecipadas em breve, para consolidar-se entre suas bases diante da oposição ao acordo pela ala mais à esquerda de seu partido.
O jornal de centro esquerda Ethnos indicou dois possíveis cenários para Tsipras: esperar até novembro para ver-se fortalecido por eventuais novas concessões dos credores à Grécia, ou aproveitar a dinâmica atual e a falta de preparo da oposição para convocar eleições até meados de setembro.