O líder cubano Fidel Castro criticou os Estados Unidos por terem enriquecido após a Segunda Guerra Mundial e reivindicou o pagamento de uma indenização de Washington por danos contra a ilha comunista.
Em texto publicado no jornal estatal "Granma", Fidel comentou sobre a dívida ao falar sobre o fim unilateral do acordo de Bretton Woods, que indexou o preço de uma onça de ouro (31,1 g) em US$ 35.
O tratado foi cancelado em 1971 por Richard Nixon com as pressões na demanda global de ouro. Citando especialistas, Fidel disse que, dessa forma, foram criadas as bases para as crises econômicas do sistema capitalista.
"Enquanto isso, os Estados Unidos devem a Cuba as indenizações equivalentes a danos, que chegam a muitos milhões de dólares como denunciou nosso país com argumentos e dados irrebatíveis em intervenções na ONU", diz Fidel.
Ele não deu detalhes sobre que tipo de indenizações Cuba pede aos americanos. As autoridades cubanas reivindicam reparação americana pelo embargo comercial feito desde 1962 contra a ilha.
Por outro lado, empresas dos EUA reivindicam há mais de 50 anos reparação a Havana pelos efeitos do embargo e das expropriações. Segundo cálculo do jornal americano "Boston Globe" feito logo após a retomada das relações com Cuba, em dezembro, a estimativa é que a dívida cubana esteja em torno de US$ 7 bilhões, ou mais de 10% do PIB da ilha.
GUERRA
No mesmo artigo, Fidel critica os americanos pelo ataque com bombas atômicas às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, no fim da Segunda Guerra Mundial. Para ele, a guerra permitiu o desenvolvimento americano.
"EUA, o país cujo território e indústrias permaneceram alheios à guerra, passou a ser o de maior riqueza e armamento da Terra, frente a um mundo destroçado, cheio de mortos, feridos e famintos."
Em seu texto, Fidel não fez nenhuma menção à reabertura das embaixadas americana em Cuba e cubana nos EUA. Da mesma forma, não comentou sobre a visita do secretário de Estado americano, John Kerry, ao país na sexta (14).
Mesmo com seu irmão Raúl tendo retomado as relações com os Estados Unidos, Fidel continua criticando o país em suas reflexões. Em janeiro, ele disse não confiar nos americanos, mas saudou a volta dos contatos com eles.