O controverso evento "Tel Aviv no Sena", organizado pela prefeitura da capital francesa no âmbito das atividades de verão de "Paris Praia", foi realizado nesta quinta-feira (13) sob um forte dispositivo policial, perto de um protesto pró-palestino batizado de "Praia de Gaza".
Centenas de policiais foram mobilizados no local e foram instalados detectores de metais para garantir a segurança de 200 metros da via rápida fechada ao trânsito às margens do Sena.
Há anos, 2,3 quilômetros desta artéria da capital pertencem aos pedestres durante quatro semanas no verão, no âmbito do programa "Paris Praia".
No perímetro reservado ao evento "Tel Aviv no Sena" há areia, guarda-sóis e cartazes que evocam o balneário israelense sobre o Mediterrâneo.
Os adversários da iniciativa denunciaram a indecência de uma manifestação organizada um ano depois da operação israelense em Gaza e criticam a prefeita socialista Anne Hidalgo por esquecer a política israelense nos territórios ocupados.
"Mesmo no contexto do estancado conflito israelense-palestino, Tel-Aviv continua sendo uma cidade aberta a todas as minorias, incluindo sexuais. Criativa, inclusiva, em uma palavra uma cidade progressista, detestada por isso em Israel pelos setores intolerantes", respondeu Hidalgo, que se negou a cancelar o evento.
Durante a tarde, centenas de pessoas passearam e se instalaram nas espreguiçadeiras enfileiradas neste evento de um dia que terminará ao entardecer.
"Vir aqui é um ato de solidariedade com o povo judeu", explicou Cecilia, uma italiana deitada em uma espreguiçadeira, que, ao estar tão perto da manifestação pró-palestina, admitiu ter certo "medo de que a coisa degenere".
Mas a tranquilidade do local foi perturbada pelos gritos de "Palestina vive! Palestina vencerá!" que chegaram do outro lado da ponte Notre-Dame, onde ocorreu a antagônica e extraoficial "Gaza Praia".
Uma centena de militantes estenderam uma bandeira palestina gigante e instalaram postos de informação ou de venda de produtos árabes na calçada. Alguns vestiam camisetas com frases como "Boicote a Israel" e outros carregavam cartazes que denunciam o "fascismo israelense".
"O município quer apresentar Tel Aviv como uma cidade como qualquer outra, quando na realidade é a capital de um Estado colonialista que bombardeia as populações civis", denunciou Serge Bonal, membro da associação EuroPalestina.
A polêmica foi amplamente coberta pelos meios de comunicação franceses e por esta razão o evento contava com muitos jornalistas.
"Há 50 visitantes para 500 jornalistas, tenho a impressão de estar na Croisette" durante o Festival de Cannes, brincou um visitante.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, reafirmou na quarta-feira seu apoio total à prefeita de Paris.
No ano passado, durante a ofensiva israelense em Gaza, ocorreram manifestações de apoio aos palestinos que foram proibidas pelas autoridades e que terminaram com incidentes de violência no bairro popular de Barbes, em Paris, e em Sarcelles (norte da capital).