Os deputados insurgentes do Syriza, que formaram um partido eurocético, foram convocados nesta segunda-feira (24) a formar um governo de coalizão, algo com poucas probabilidades de prosperar diante da quase certeza de eleições antecipadas em setembro.
O presidente da República, Prokopis Pavlopulos, encarregou de formar uma coalizão Panagiotis Lafazanis, líder desta nova formação, Unidade Popular, como marca a Constituição, depois que o partido de direita Nova Democracia fracassou na tentativa no fim de semana.
A nova formação, eurocética e contrária à austeridade, foi criada na sexta-feira após a renúncia do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, um dia antes.
A renúncia de Tsipras após perder a maioria parlamentar na votação do novo plano de ajuda europeu, rejeitado por mais de um quarto dos deputados de seu partido de esquerda radical, desencadeou o procedimento conhecido como de "mandatos exploratórios".
Segundo este trâmite, as três primeiras forças parlamentares por número de deputados são chamadas uma a uma para tentar formar um governo de coalizão em um prazo de três dias cada. Se não conseguirem formar um governo, é preciso convocar eleições legislativas.
O Syriza, que ainda conta com uma vantagem importante em relação ao Nova Democracia, segundo as pesquisas, rejeita formar um governo de coalizão e é partidário de realizar eleições antecipadas no dia 20 de setembro para reafirmar sua maioria.
"Utilizaremos este mandato para mostrar a necessidade de um governo antimemorando (contra a austeridade) no país", disse Panagiotis Lafanazis em um breve encontro com Prokopis Pavlopoulos ante a imprensa.
Se ficar confirmado o esperado fracasso deste mandato, Prokopis Pavlopoulos deve nomear um governo de transição na quinta-feira, presidido pelo presidente do Supremo Tribunal, que estará encarregado de organizar eleições gerais.
A Unidade Popular, nome que faz referência ao partido do ex-dirigente socialista chileno Salvador Allende nos anos 70, se opõe ao recente acordo alcançado entre Atenas e a União Europeia sobre um novo empréstimo de até 86 bilhões de euros em três anos, acompanhado de um programa de medidas de austeridade.
A nova formação acusa Tsipras de ter traído os princípios do Syriza.