Ex-premiê grego Tsipras pede 'maioria absoluta' em legislativas

Alexis Tsipras já descartou qualquer aliança com os partidos "do velho sistema político"
Da AFP
Publicado em 30/08/2015 às 13:35
Alexis Tsipras já descartou qualquer aliança com os partidos "do velho sistema político" Foto: Foto: LOUISA GOULIAMAKI/ AFP


O líder da esquerda grega Alexis Tsipras exortou neste domingo (30) os eleitores a dar-lhe "um mandato forte, uma maioria absoluta" nas eleições parlamentares de 20 de setembro, uma meta que parece ilusória para o ex-primeiro-ministro, apesar da liderança do Syriza nas pesquisas.

Em uma entrevista ao Realnews sobre o desafio destas eleições, que acontecem em três semanas, Alexis Tsipras, que busca um segundo mandato, mostrou determinação: "É simples, claro e democrático: pedimos um forte mandato, uma maioria absoluta para o governo Syriza" para os próximos quatro anos.

E acrescentou: "Esta é uma oportunidade para acabar com o bipartidarismo da Nova Democracia (ND, direita) e Pasok (socialistas)", as duas formações que têm dominado a vida política grega "nos últimos quarenta anos (...). É fundamental não voltar atrás e dar um salto à frente".

À frente com entre 1 e 3,5 pontos de vantagem, de acordo com recentes pesquisas, de seu principal adversário a ND, o Syriza tem poucas chances de obter a maioria absoluta nesta votação antecipada.

Desta forma, seria forçado a buscar aliados para formar um governo de coalizão, como o fez depois de sua vitória em 25 de janeiro, onde perdeu a maioria absoluta por apenas dois assentos.

Apenas uma pesquisa realizada pelo Bridging Europe dá uma clara vantagem de até oito pontos ao Syriza (26,8%) contra ND.

 

'Velho sistema'

Alexis Tsipras já descartou qualquer aliança com os partidos "do velho sistema político", ressaltando que somente o partido soberanista dos gregos independentes  Anel, seu parceiro de governo por oito meses, poderia desempenhar esse papel.

Em contrapartida, ND, Pasok e To Potami (centro-esquerda) se disseram dispostos a cooperar com os outros.

"Garantir a estabilidade política para os anos cruciais à frente", ressaltou por sua vez o líder da direita Vanguelis Méimarakis em uma mensagem televisionada.

A líder do Pasok, Fofi Gennimata, que anunciou uma aliança entre o seu partido e o Esquerda Democrática Dimar, acusou Alexis Tsipras de não querer "cooperar", mesmo após ter admitido "erros".

A maioria dos gregos são a favor de uma coalizão, mesmo que o Syriza tenha como parceiro o ND, de acordo com uma pesquisa do Instituto MRB para a Realnews.

Confrontado a uma divisão em seu partido, Alexis Tsipras renunciou em 20 de agosto para "permitir que o povo grego julgasse" a situação.

Apesar de sua promessa de pôr fim à austeridade na Grécia, ele assinou em julho, em Bruxelas, um acordo com seus credores europeus para a adoção de novas medidas de rigor em troca de um novo empréstimo.

 

'Pedir perdão ?'

Perguntado por que "não pediu perdão ao povo grego", Alexis Tsipras respondeu: "Por que eu deveria pedir perdão?".

"Lutei com toda a minha alma para permanecer fiel ao mandato do povo grego", a maioria não quer a saída do país do euro, uma ameaça dos credores - UE e FMI- justificou.

O compromisso de Atenas em realizar "reformas para limpar sua economia" era uma condição necessária para os credores antes da assinatura do acordo sobre um empréstimo de 86 bilhões de euros ao longo de três anos.

Alexis Tsipras reiterou que "enfrentou uma guerra econômica" e que "finalmente não conseguiu vencer todos os monstros e corrigir todos os problemas do país que o velho sistema político causou", como a corrupção.

A prioridade, segundo o novo programa do Syriza, é o cumprimento dos compromissos, compensando com medidas para "contra-balancear as consequências negativas", sem comprometer o plano assinado com o Europa.

Os principais eixos do novo programa são: reestruturação produtiva com foco no setor agrícola, o reforço do sistema bancário, a luta contra a corrupção, a proteção do emprego e do ambiente. A questão da reestruturação da dívida, que se eleva a cerca de 170% do PIB, também está incluída no programa.

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