A França continuará atacando os combatentes do Estado Islâmico na Síria "seja qual for sua nacionalidade", reiterou nesta segunda-feira (12) o governo deste país, que admitiu que jihadistas franceses podem ter morrido em seu últimos bombardeios.
"Nossa responsabilidade é atacar o Daesh (acrônimo árabe do Estado Islâmico) e seguiremos atacando-o seja qual for a nacionalidade de seus membros", afirmou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, em visita à Jordânia.
"Deste ponto de vista, os terroristas não têm passaportes", acrescentou.
Pouco antes destas declarações, uma fonte governamental falou sobre a possível presença de franceses entre as vítimas dos bombardeios da França na Síria, uma informação que, se for confirmada, levantaria um debate sobre a base jurídica destas operações.
Uma ONG síria disse que havia seis mortos franceses, mas "a esta hora não podemos confirmar nada", acrescentou a fonte.
Por sua vez, o primeiro-ministro francês se limitou a dizer que "possivelmente" cidadãos franceses morreram em um ataque na madrugada de sexta-feira, mas não confirmou o número de seis falecidos.
Francófonos mortos
Interrogado pela AFP, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG síria que conta com uma ampla rede de informantes neste país em guerra, não pôde confirmar a morte dos franceses.
No entanto, esta ONG havia dado na sexta-feira um balanço de 16 mortos no bombardeio francês da noite de quinta-feira contra um campo de treinamento na Síria, entre eles três jovens de menos de 18 anos, e um chefe, Abu Abdullah al Belgiki, supostamente de nacionalidade belga.
Algumas das vítimas tinham nomes marroquinos e podem ter a dupla nacionalidade franco-marroquina, segundo o OSDH.
O ministério francês da Defesa admitiu nesta segunda-feira que podem existir cidadãos franceses ou de língua francesa entre os mortos neste campo localizado cinco quilômetros a sudoeste de Raqa, o reduto dos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).
Mas disse que não podia "confirmar com certeza nada relacionado a este bombardeio".
"Sabemos que este campo treinava combatentes para enviá-los à Europa e à França", disse o ministério.
Escolheram seu campo
Os serviços de inteligência franceses confirmaram durante interrogatórios com jihadistas a presença de combatentes estrangeiros na Síria, entre eles franceses, indicou o ministério da Defesa.
Segundo uma fonte próxima, os serviços especializados puderam confirmar a morte de 139 jihadistas na Síria, entre os mil jihadistas que viajaram a este país a partir da França, sem contar com as possíveis vítimas do ataque da semana passada.
Assim como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, a França se ampara na legítima defesa - ou seja, prevenir ataques em seu território - para justificar seus bombardeios na Síria. No entanto, as famílias de vítimas francesas podem processar o Estado por matar seus próprios cidadãos.