Líder supremo do Irã diz que o Síria deve decidir seu próprio futuro

Para o aitolá Ali Khamenei, única solução para o país são a suspensão das hostilidades e a realização de eleições
Da AFP
Publicado em 01/11/2015 às 17:22
Para o aitolá Ali Khamenei, única solução para o país são a suspensão das hostilidades e a realização de eleições Foto: Foto: HO / Iranian Supreme Leader's Website / AFP


O líder supremo do Irã, o aitolá Ali Khamenei, afirmou neste domingo (1) que país algum pode decidir o futuro da Síria e que a única solução para este país são a suspensão das hostilidades e a realização de eleições.

"Nós dizemos que é insensato que os países se reúnam para decidir o destino de um regime e de seu líder, este é um precedente perigoso e nenhum poder no mundo aceitará isso", afirmou Khamenei, dois dias após a cúpula de Viena sobre a Síria, que reuniu dezessete países, incluindo o Irã, os Estados Unidos e a Arábia Saudita, mas não as partes sírias em conflito.

"Eleições são a solução e, para isso, temos que parar com a ajuda financeira e militar aos rebeldes. A guerra e a instabilidade devem primeiro cessar para que os sírios possam escolher quem eles querem em um clima sereno", afirmou, ao receber, em Teerã, diplomatas iranianos com postos no exterior.

O Irã reforçou recentemente o seu apoio militar ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad, incluindo o aumento do número de "assessores" militares. Teerã acusa os países ocidentais e árabes de ajudarem financeiramente e armarem os rebeldes sírios.

Segundo Khamenei, "ao contrário do que se pensa, os Estados Unidos são a origem de uma grande parte dos problemas na região e não fazem parte da solução".

"Os objetivos dos Estados Unidos na região são 180 graus diferentes dos do Irã", enfatizou.

De acordo com a Khamenei, "o principal fator de insegurança é o apoio dos Estados Unidos ao regime sionista (Israel) e aos grupos terroristas na região".

O líder iraniano ainda descreveu Israel como "um regime usurpador e fantoche."

A reunião de sexta-feira, em Viena, sobre a crise síria, que contou pela primeira vez com a presença de um representante do Irã, estagnou em muitos pontos, principalmente sobre o destino do presidente al-Assad.

"O principal ponto de desacordo é o futuro papel de Bashar al-Assad", acrescentou o chefe da diplomacia francesa Laurent Fabius. "Mas há uma série de pontos em que estamos de acordo, principalmente sobre o processo de transição, a perspectiva de eleições e como tudo isso deve ser organizado e o papel das Nações Unidas".

Os participantes consideraram que o Estado sírio deve ser preservado e encarregaram a ONU de negociar um cessar-fogo, indicou à imprensa o secretário de Estado americano, John Kerry.

Apesar de ninguém esperar um grande avanço diplomático em Viena, incluindo sobre o futuro papel do presidente Assad, apoiado por Moscou e Teerã, a simples presença dos protagonistas, cujas posições  são extremamente divergentes, é vista como um progresso.

A Rússia, que insiste com o Irã para que o presidente sírio desempenhe um papel na transição política, iniciou em 30 de setembro uma campanha de bombardeios aéreos na Síria que, desde então, teria destruído 1.623 "alvos terroristas".

O Irã fornece apoio financeiro e militar direto a Damasco, enquanto a Arábia Saudita apoia os grupos rebeldes e participa dos ataques aéreos da coalizão internacional

Também participaram da reunião de Viena representantes chineses, libaneses e egípcios, assim como os chanceleres francês, britânico e alemão.

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