O comando militar dos EUA informou nesta sexta-feira (13) que está "quase certo" de que mataram o extremista conhecido como Jihadi John (João Jihadista, em inglês) em um ataque aéreo contra o Estado Islâmico na Síria.
Famoso por aparecer em vídeos decapitando reféns estrangeiros, o miliciano com sotaque britânico teria sido morto em bombardeio feito por um drone. O ataque foi confirmado pelo porta-voz do Pentágono, Steven Warren, em entrevista em Bagdá
"Estamos razoavelmente certos de que matamos o alvo que buscávamos, que era Jihadi John", mas "levará tempo, como é sempre o caso (...) para declarar formalmente e provar que conseguimos", afirmou.
Warren afirma que a morte de Jihadi John é importante porque o extremista era "uma espécie de celebridade" do Estado Islâmico. "Este é certamente um golpe significativo para o prestígio [da milícia radical], mas ele não era uma pessoa importante na organização operacional do grupo."
Mais cedo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o ataque dos EUA havia sido um ato de autodefesa, mas sem ter certeza sobre a morte de Jihadi John. Em fevereiro, a polícia britânica o havia identificado como Mohammed Emwazi, 27.
Programador de informática de Londres, o extremista nasceu no Kuait, em uma família apátrida de origem iraquiana. Seus pais migraram para a o Reino Unido em 1993 depois que seus pedidos de cidadania kuaitiana fracassaram.
Um ex-refém do Jihadi John o descreve como "frio, sádico e impiedoso". Além de ser o carrasco mais conhecido do EI, suspeita-se que Emwazi desempenhe papel importante também na segurança tecnológica dos radicais, que disfarçam as origens de suas comunicações.
Segundo o jornalista espanhol Javier Espinosa, que foi mantido em cativeiro por mais de seis meses na Síria, seu grupo de cerca de 20 reféns apelidou seus três captores aparentemente britânicos de Beatles, em referência à banda do Reino Unido. O apelido Jihadi John seria uma referência a John Lennon, vocalista do grupo musical.
Jihadi John queria o máximo de drama. Ele havia trazido consigo uma antiga espada do tipo que os muçulmanos usavam na Idade Média", escreveu Espinosa em relato sobre sua experiência em cativeiro para o jornal espanhol "El Mundo".
ESTRANGEIROS NO EI
O britânico Emwazi é símbolo do movimento de radicais de diferentes partes do mundo que viajam ao Oriente Médio para se somar às fileiras de combatentes do EI.
Estima-se que mais de 20 mil combatentes estrangeiros tenham viajado à Síria e ao Iraque desde a ascensão da milícia, em junho de 2014. O EI atrai milicianos de ao menos 90 países, sendo 20% dos combatentes originários de países do Ocidente
Não há informações de brasileiros lutando no Estado Islâmico. Mas o brasileiro Kaíke Guimarães está detido na Espanha, acusado de tentar fazê-lo.
O belga Brian de Mulder, filho de brasileira, viajou por sua vez à Síria em 2013 e tornou-se Abu Qassem Brazili, apesar de não ter a nacionalidade brasileira.