O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ameaçou nesta segunda-feira (16) mobilizar simpatizantes e usar força militar para resistir a eventual vitória da oposição na eleição parlamentar de 6 de dezembro.
"Vamos ganhar a disputa eleitoral. Mas caso se desse a hipótese rejeitada, transmutada e sepultada [de uma derrota], eu estou cerebralmente, espiritualmente, politicamente e militarmente para assumi-la. E me lançaria às ruas", disse Maduro em discurso no palácio presidencial transmitido pela TV.
"Em todas as hipóteses, somos milhões. Somos um bloco compacto de revolucionários, de revolucionárias, patriotas, chavistas, bolivarianos. Somos uma força histórica", afirmou o presidente.
Nos últimos meses, a popularidade de Nicolás Maduro está abaixo de 25% devido à grave crise econômica, ao desabastecimento e à criminalidade que assolam os venezuelanos.
Em outubro, Maduro já havia anunciado que "não entregaria a revolução" e formaria uma "aliança cívico-militar" com simpatizantes em caso de derrota do chavismo na disputa pelas 167 cadeiras do Parlamento unicameral.
As ameaças podem ser interpretadas como sinal de que o governo está preocupado com as pesquisas eleitorais, que preveem unanimemente que a oposição conseguiria a maioria absoluta dos votos para a Assembleia.
A margem de vantagem das sondagens varia entre 20 e 30 pontos percentuais, dependendo do instituto.
Se a previsão se confirmar, esta será a primeira derrota eleitoral chavista desde 2007, quando o então presidente Hugo Chávez perdeu o plebiscito que lhe daria mais poderes para governar.
Mas, num complexo sistema que inclui votos por candidatos individuais e por lista, a oposição precisaria de uma ampla vantagem numérica nas urnas para conquistar mais de 84 cadeiras no Parlamento, que lhes daria maioria simples.
Segundo analistas, opositores só poderão confirmar seu favoritismo caso superem divergências internas e consigam convencer setores populares muitas vezes relutantes em transformar seu descontentamento em voto para a oposição ao chavismo.
Os adversários de Maduro se dizem confiantes, mas exigiram observadores internacionais para evitar possíveis fraudes. A intenção era que houvesse a participação de entidades renomadas, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), e que estas tivessem o poder de apontar irregularidades.
Caracas, porém, só aceitou a presença de acompanhadores da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), com poderes de fiscalização mais limitados que o desejado.
SOBRINHOS
Nesta segunda, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, disse que os dois sobrinhos da primeira-dama recém-detidos no Haiti e levados aos EUA sob suspeita de narcotráfico estão "sequestrados" pelo governo americano. Para ele, a operação é uma armação.
Os sobrinhos de Cilia Flores, mulher de Maduro, são acusados de tentar levar para os EUA um grande carregamento de cocaína.