Bruxelas permanecia em estado de alerta máximo, após a denúncia contra um novo suspeito vinculado aos atentados de Paris, tendo como pano de fundo o reforço da mobilização internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI).
Dez dias após os atentados que deixaram 130 mortos na capital francesa, um objeto "similar a um cinto de explosivos" foi encontrado em uma lixeira em Montrouge, perto de Paris, próximo ao local onde um dos principais suspeitos dos atentados, Salah Abdeslam, foi localizado graças a um rastreamento telefônico.
Cidadão francês, de 26 anos, residente na Bélgica, Salah permanece desaparecido, mas a investigação da polícia belga levou a uma quarta acusação vinculada aos atentados de Paris e a novas interpelações.
A ameaça terrorista na capital europeia permanece "séria e iminente", anunciou na segunda-feira o primeiro-ministro belga, Charles Michel, afirmando que Bruxelas e seus 1,2 milhão de habitantes permanecerão na terça-feira, pelo quarto dia consecutivo, em alerta máximo, com escolas e metrôs fechados e isolamento de ruas pela polícia e o exército.
"Nós temos indícios sérios que ataques podem ocorrer novamente", afirmou Michel sem dar maiores detalhes, confirmando que as autoridades belgas temem uma réplica dos atentados em Paris.
"Os alvos potenciais são os mesmos já enumerados" no domingo, acrescentou, citando sobretudo zonas comerciais e transporte público.
Intensificação dos ataques
No plano internacional, o dia foi marcado pela operação aeronaval da França contra o EI, com o apoio declarado do primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Pela primeira vez, aeronaves baseadas no porta-aviões nuclear Charles de Gaulle bombardearam nesta segunda-feira a organização jihadista no Iraque e na Síria. Com este navio destacado no Mediterrâneo oriental, as forças armadas francesas triplicaram sua capacidade de ataques contra o EI.
O presidente francês, François Hollande, alertou esta manhã que Paris "intensificou" seus ataques para causar "os maiores danos possíveis a este exército terrorista".
Após se reunir com o presidente francês, Cameron anunciou que apresentará na quinta-feira perante o Parlamento um plano de ataques aéreos contra o EI na Síria.
"Eu apoio firmemente a decisão do presidente Hollande de atacar o EI na Síria. Também é minha firme convicção que o Reino Unido deve fazer o mesmo", declarou Cameron, que propôs à França utilizar em suas operações aéreas a base britânica em Rafakrotiri (Chipre).
O emissário especial americano para a coalizão contra o EI, Brett McGurk, pediu nesta segunda que se intensifique a pressão no coração do EI (no Iraque e na Síria).
Seguindo sua maratona diplomática, Hollande deve ainda se reunir na terça-feira com o presidente americano, Barack Obama, em Washington; na quarta-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, e na quinta-feira em Moscou, com o presidente Vladimir Putin.
Quatro suspeitos denunciados na Bélgica
Nas investigações belgas sobre estes ataques, nenhum detalhe foi fornecido pela justiça sobre a identidade do novo suspeito denunciado nesta segunda, o quarto detido na Bélgica.
Dois dos detidos em Bruxelas são suspeitos de terem ajudado Salah Abdeslam ao buscá-lo de carro em Paris algumas horas após os ataques.
Um outro suspeito foi denunciado na sexta-feira, após os atentados em Paris. Segundo os veículos belgas, ele teria hospedado Abdeslam após ser levado por Mohammed Amri e Hamza Attou à localidade de Laeken, em Bruxelas.
Quinze outras pessoas, interpeladas na noite de domingo em diferentes localidades de Bruxelas e Charleroi (sul da Bélgica) foram libertadas.
Entre as cinco pessoas interpeladas na manhã de segunda-feira na Bélgica, duas foram libertadas. Outras três permanecem detidas, pelo menos até a manhã de terça-feira, para "verificações suplementares".
Na França, várias vítimas dos atentados foram sepultadas nesta segunda-feira, como em Blois (centro oeste), onde mais de mil pessoas homenagearam Anna e Marion, duas irmãs mortas enquanto jantavam no restaurante Le Petit Cambodge.
Os atentados de 13 de novembro, em Paris, deixaram em luto 29 cidades francesas, bem como cerca de vinte países.