Papa defende na República Centro-Africana a resistência ao medo do outro

Pontífice também aproveitou a oportunidade para destacar que espera que as eleições na República Centro-Africana
Da AFP
Publicado em 29/11/2015 às 10:38
Pontífice também aproveitou a oportunidade para destacar que espera que as eleições na República Centro-Africana Foto: Foto: GIANLUIGI GUERCIA AFP


O papa Francisco defendeu neste domingo em Bangui a unidade na República Centro-Africana, ao pedir a seus cidadãos que não cedam "ao medo do outro", em um país assolado pela violência sectária. Em um discurso no palácio presidencial, pouco depois de desembarcar na capital Bangui, o papa, de 78 anos, fez um apelo à unidade e a não ceder ante "a tentação do medo do outro, do desconhecido, do que não é parte de nosso grupo étnico, nossas opiniões políticas ou nossa confissão religiosa".

O pontífice também disse esperar que as eleições de 27 de dezembro na República Centro-Africana ajudem o país a abrir "um novo capítulo". "É meu desejo fervoroso que as diversas consultas nacionais que acontecerão nas próximas semanas permitam ao país empreender serenamente um novo capítulo de sua história", disse o pontífice em Bangui, a terceira e última etapa de sua viagem ao continente africano.

"Apesar das dificuldades, a República Centro-Africana avança progressivamente para a normalização da vida política e social", disse.

"Venho a esta terra pela primeira vez como peregrino da paz e apóstolo da esperança", completou o papa na presença da presidente de transição da República Centro-Africana, Catherine Samba Panza.

Samba Panza pediu "perdão" por "todo o mal" cometido pelos centro-africanos durante a violência entre as comunidades religiosas que vivem no país desde 2013.

"Depende das filhas e filhos deste país reconhecer suas falhas e pedir um perdão sincero, que sua bênção transformará em um novo fermento para a reconstrução do país", disse a presidente.

"Em nome de toda a classe dirigente do país, mas também de todos os que contribuíram para sua descida ao inferno, confesso todo mal que se fez e peço perdão do fundo de meu coração", completou.

A República Centro-Africana, devastada desde 2013 por uma guerra civil com um tom religioso entre as milícias seleka, majoritariamente muçulmanas, e as antibalaka, de maioria cristã, registra um elevado nível de tensão a poucas semanas das eleições presidenciais.

O pontífice visitou depois o campo de refugiados de Mpoko, que abriga quase 20.000 deslocados pela violência, em um país no qual a ONU calcula que 450.000 pessoas fugiram do conflito.

Milhares de pessoas saudaram o papa Francisco ao longo da Avenida dos Mártires, que vai do aeroporto de Bangui à Praça da Reconciliação, onde uma multidão empolgada aguardava o pontífice.

Na Praça da Reconciliação, onde existe um monumento que representa uma imensa pomba branca da paz, Francisco subiu no famoso "papamóvel", a partir do qual saudou, de maneira relaxada e sorridente, os centro-africanos que agitavam bandeiras.

Quando o "papamóvel" iniciou o trajeto, a multidão superou os cordões de isolamento das tropas da ONU e da França para seguir o pontífice a pé, de bicicleta ou motocicleta.

Durante a tarde, o papa abrirá uma porta sagrada na catedral de Bangui, um gesto simbólico tradicional dos Jubileus, que estabelece que os fiéis que passam por esta porta têm seus pecados perdoados. Depois ele presidirá uma missa na esplanada da catedral e ouvirá a confissão de alguns jovens.

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