Os franceses votavam neste domingo (6) em eleições regionais, que adquiriram uma perspectiva nacional após os atentados de Paris e diante do avanço previsto da extrema-direita, que pode conquistar uma vitória histórica.
As mesas eleitorais abriram às 7h (5h de Brasília) para o primeiro turno destas eleições, o último teste eleitoral antes das presidenciais de 2017.
Mais de 44 milhões de eleitores estão convocados para eleger os conselhos que governarão as 13 regiões do país.
Três semanas depois dos atentados mais graves da história da França, que deixaram 130 mortos e cerca de 350 feridos, as eleições ocorrem em estado de emergência, com medidas de segurança reforçadas ao redor das mesas eleitorais.
O partido de extrema-direita Frente Nacional (FN) pode vencer pela primeira vez em ao menos duas regiões, continuando o avanço espetacular que conquistou no ano passado nas eleições municipais e nas europeias.
A presidente da FN, Marine Le Pen, é considerada a favorita no norte (Norte Paso de Calais, Picardia), e sua sobrinha Marion Maréchal-Le Pen no sul (Provenza Alpes Costa Azul).
Mais da metade dos eleitores se abstiveram nas regionais anteriores, em 2010, e os apelos à mobilização geral para frear a FN se multiplicaram na imprensa, no empresariado, nos sindicatos e nos meios artísticos.
As pesquisas concedem entre 27% e 30% das intenções de voto à FN nacionalmente, empatada com a oposição de direita e muito à frente do governamental Partido Socialista (PS) (22% a 23%).
Além das duas regiões apontadas, o partido pode ter ambições em outras áreas. As últimas pesquisas o situavam na liderança das intenções de voto em outras quatro no primeiro turno deste domingo, entre elas no Leste, onde se apresenta Florian Philippot, vice-presidente do partido e considerado o estrategista de Marine Le Pen.
Hollande sobe, mas não seu partido
Os atentados praticamente cancelaram a campanha para estas eleições e contribuíram para diluir as divergências políticas, em um clima no qual se mesclaram as homenagens às vítimas, os apelos à guerra contra a organização Estado Islâmico e um crescimento dos símbolos patrióticos.
O partido de Marine Le Pen se viu diante de um discurso nacionalista e antimigrantes após a informação de que dois dos suicidas dos atentados chegaram à França a partir da Grécia, onde entraram despercebidos entre milhares de migrantes.
Por sua vez, os socialistas não parecem ter se beneficiado do espetacular aumento de popularidade que as pesquisas concedem (até +22 pontos) para o presidente François Hollande após as medidas tomadas depois dos atentados.
O PS, que dirigia desde 2010 todas as regiões da França, com exceção de uma, contabiliza, no entanto, segundo as pesquisas, entre 22% e 23% das intenções de voto no primeiro turno, e pode conservar agora apenas três regiões.
Já o principal partido da oposição de direita, Os Republicanos, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, continua esperando vencer na maioria das regiões, mas as intenções de voto a seu favor retrocederam em benefício da FN.
As mesas eleitorais permanecerão abertas até as 17h GMT (15h de Brasília) na maioria do país e nas grandes cidades até as 19h GMT (17h de Brasília).