Pelo menos 10 cidades e uma província da China estavam em "alerta vermelho" nesta quinta-feira (24) em consequência da poluição do ar, com amplas áreas do norte do país sob uma espessa névoa de contaminação pela quarta vez em um mês. A província de Shandong, entre Pequim e Xangai, que tem 96 milhões de habitantes, decretou na quarta-feira (23) pela primeira vez o alerta vermelho para o conjunto de seu território.
Ao menos 10 cidades adotaram a mesma medida para enfrenta a nuvem poluente que cobre regiões do norte, nordeste e centro da China. Xinxiang, na província de Henan (centro), foi uma das cidades a decretar alerta vermelho. A concentração de partículas PM2,5, muito perigosas para a saúde porque penetram profundamente nos pulmões, se aproximava nesta quinta-feira de 730 microgramas por metro cúbico, segundo as autoridades provinciais.
O número significa um resultado quase 30 vezes acima do limite de 25 recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma exposição de 24 horas. No início de dezembro, o município de Pequim decretou um "alerta vermelho" por poluição e voltou a adotar a medida na semana passada, com ações excepcionais, com restrições ao tráfego de automóveis e o fechamento de fábricas.
A capital cancelou o alerta vermelho na terça-feira passada, depois que uma frente fria afastou o ar contaminado, informou a agência estatal Xinhua. Durante o alerta em Pequim, várias fábricas permaneceram fechadas e o governo impôs um rodízio de carros, que retirou metade dos automóveis particulares das ruas a cada dia, entre outras medidas.
A Secretaria Nacional do Meio Ambiente anunciou na quarta-feira que havia determinado a seis cidades, que não foram citadas, uma avaliação dos sistemas de alerta e um aperfeiçoamento da aplicação de medidas para a "redução urgente de emissões" poluentes. A decisão de Pequim de decretar um alerta para a poluição parece que abriu o caminho para que outras cidades, também afetadas pela poluição atmosférica, adotassem medidas similares.
A qualidade do ar em novembro e dezembro caiu ao nível mínimo em três anos, segundo o jornal estatal China Daily, apesar das medidas adotadas para enfrentar o problema crônico. "A poluição elevada provocada pelo carvão é uma das responsáveis", destaca o jornal. O presidente chinês Xi Jinping afirmou que as emissões de CO2 do país, provocadas em grande medida pelo uso de carvão, alcançarão o nível máximo "por volta de 2030".
Mas o governo anunciou planos para reduzir em 60%, até 2020, as emissões poluentes de suas centrais térmicas a carvão. Para garantir o desenvolvimento econômico, a China utilizou essencialmente fontes de energia sujas e baratas, como o carvão. Agora que a segunda economia mundial sofre uma desaceleração, o país tem dificuldades a abrir mão deste tipo de energia, apesar dos problemas ambientais e de saúde que provoca.