Várias iniciativas lançadas nos últimos cinco anos para encontrar uma solução ao conflito na Síria fracassaram, com o destino do presidente sírio, Bashar al-Assad, sendo o grande ponto de discórdia.
Um novo ciclo de discussões começa em Genebra, nesta segunda-feira (14).
Confira abaixo a cronologia dos principais eventos:
- Iniciativas árabes -
- 2 de novembro de 2011: a Liga Árabe fala em um acordo com a Síria, por meio de um plano que inclui o fim da violência, a libertação dos presos e a retirada do Exército das cidades. Não se respeita nenhuma das cláusulas.
Nas semanas seguintes, a Liga Árabe suspende a participação da Síria e decreta sanções contra o país.
Desde 2012, o governo do presidente Bashar al-Assad fecha as portas para uma solução árabe e se declara decidido a acabar com a revolta popular. Os manifestantes são duramente reprimidos.
- Plano Annan -
- 12 de abril de 2012: uma trégua, no âmbito do plano do enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, desfaz-se ao fim de algumas horas.
- Genebra I -
- 30 de junho de 2012: em Genebra, o Grupo de Ação (formado por Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido, assim como Turquia e os países árabes) chega a um acordo sobre os princípios de uma transição. Pouco depois, diverge sobre sua interpretação.
Washington considera que o acordo - que nunca foi aplicado - abre as portas para a era "pós-Assad". Moscou e Pequim consideram que o futuro de Al-Assad deve ser decidido pelos próprios sírios.
- Acordo russo-americano sobre armas químicas -
- 14 de setembro de 2013: Estados Unidos e Rússia firmam um acordo, em Genebra, sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio. O acordo descarta "in extremis" a ameaça de bombardeios americanos, levantada após ataque químico atribuído ao governo.
- Genebra II -
- 22-31 de janeiro de 2014: as negociações entre oposição e governo, lançadas sob pressão dos Estados Unidos, aliado da oposição, e da Rússia, que apoia o governo, terminam sem um resultado concreto.
Em 15 de fevereiro, o mediador da ONU, Lajdar Brahimi, que substituiu Kofi Annan após sua saída em agosto de 2012, põe fim ao diálogo. Em 13 de maio, Brahimi também deixa o cargo, após mais de 20 meses de esforços estéreis.
- Plano da ONU -
- 17 de agosto de 2015: o Conselho de Segurança apoia, por unanimidade, uma iniciativa para favorecer uma solução política, acolhida com desconfiança pelo governo e pela oposição.
- Ofensiva russa e processo de Viena -
- 20 de outubro de 2015: três semanas depois do início da intervenção militar russa, solicitada por Damasco, o presidente russo, Vladimir Putin, parte para a ofensiva nas frentes diplomática e política, recebendo Assad.
- 30 de outubro, em Viena: 17 países - entre eles Rússia, Estados Unidos, França e, pela primeira vez, Irã - examinam as possibilidades de uma solução política, na ausência de representantes da oposição e do governo. Ao final do encontro, fica clara a divergência profunda sobre o futuro de Assad.
- 14 de novembro: em Viena, as grandes potências concordam sobre um calendário, mas persistem as divergências sobre o futuro político de Assad.
- Resolução da ONU
- 18 de dezembro de 2015: o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou, pela primeira vez por unanimidade, uma resolução que estabelece um caminho para se chegar a uma solução política. Além das negociações entre oposição e governo e um cessar-fogo, o texto prevê um governo de transição por seis meses e eleições em 18 meses.
- Fracaso de Genebra
- 3 de fevereiro de 2016: as discussões indiretas em Genebra, que não haviam começado formalmente apesar da presença das delegações do governo e da oposição, foram suspensas por causa da ofensiva lançada por Damasco contra os rebeldes. A ofensiva contou com o apoio da Força Aérea russa.
- Cessar-fogo -
- 27 de fevereiro: Washington e Moscou promovem um cessar-fogo que inclui as tropas do governo, a Aviação russa e alguns grupos rebeldes. O pacto exclui o grupo Estado Islâmico (EI) e a Frente al-Nosra.
- 9 de março: o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, anuncia que Genebra sediará um novo ciclo de discussões entre 14 e 24 de março.