Salah Abdeslam passa sua primeira noite na prisão na Bélgica

Abdeslam é um homem-chave nos atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos em 13 de novembro, em Paris
Da AFP
Publicado em 20/03/2016 às 9:41
Abdeslam é um homem-chave nos atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos em 13 de novembro, em Paris Foto: Foto: JOHN THYS / AFP


O francês Salah Abdeslam, único sobrevivente dos autores dos atentados de paris, passou sua primeira noite em uma prisão na Bélgica, onde foi capturado na sexta-feira (18), depois de permanecer foragido por quatro meses.

Ele é um homem-chave nos atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos em 13 de novembro, em Paris.

Abdeslam está preso em uma ala de alta de segurança especial do presídio de Bruges, onde também estão os dois indivíduos que o tiraram de Paris depois dos atentados. Na mesma ala, igualmente está Mehdi Nemmouche, autor do ataque de maio de 2014 contra o museu judeu de Bruxelas.

Abdeslam confessou que quis se explodir no Stade de France na fatídica sexta-feira, mas desistiu. Também disse que não quer ser extraditado para a França, segundo revelou na véspera o procurador de Paris, François Molins.

"Estas primeiras declarações, que devem ser tomadas com cautela, deixam pendentes toda uma série de perguntas", completou François Mollins. 

Na noite de 13 de novembro, Salah Abdeslam conduziu os radicais suicidas ao Stade de France, em Saint-Denis. Mais tarde, abandonou um cinto de explosivos no sul de Paris e telefonou para dois amigos de Bruxelas, pedindo ajuda. Ele escapou de três controles policiais no caminho para a capital belga, e seu rastro se perdeu no dia seguinte dos atentados. 

Abdeslam está preso preventivamente e é acusado de "assassinatos terroristas e participação nas atividades de um grupo terrorista", segundo a promotoria federal belga. 

Um cúmplice, "conhecido como Monir Ahmed Alaaj, pseudônimo Amine Choukri", detido na mesma operação policial de sexta-feira em Bruxelas, foi acusado pelos mesmos crimes.  

"Salah Abdeslam colabora com a justiça belga", declarou seu advogado Sven Mary a jornalistas. "Rejeitamos sua extradição para a França", disse. Segundo o advogado, Abdeslam unicamente teria "descrito seu próprio papel" nos ataques.

Durante quatro meses, o suspeito conseguiu permanecer escondido até que, na última terça-feira, um registro de rotina  em um apartamento do bairro de Forest, em Bruxelas, permitiu localizá-lo.

Na operação, os policiais abateram Mohamed Belkaid, um argelino de 35 anos, que seria o homem que transferiu dinheiro à prima Abdelhamid Abaaoud, considerado o cérebro dos atentados.

Outros dois homens conseguiram escapar durante a operação, um deles possivelmente foi Salah Abdeslam, que cometeu o erro fatal de telefonar para um amigo en Molenbeek em busca de um novo esconderijo, segundo o canal de televisão RTBF.

Capturado, com seu cúmplice e outras três pessoas, o suspeito gritou, segundo a imprensa local, aos policiais "Sou Salah Abdeslam!".

Amid Aberkan, que recebeu os dois fugitivos em sua casa em Molenbeek foi acusado de "participação nas atividades de um grupo terrorista e acobertamento de criminosos".

Na próxima quarta-feira, Abdeslam deverá apresentar-se a um juiz de instrução belga, onde sua ordem de prisão será prolongada um mês, segundo seu advogado. Ao se negar a ser extraditado, deverá comparecer novamente em 15 dias na mesma sala.

Sua recusa em ser extraditado não impedirá sua transferência, já que a decisão de autorizar a entrega do francês "acontecerá em um prazo de 60 dias, do momento de sua detenção, ou de 90 (dias), em caso de apelação", afirmou no sábado o ministério francês de Justiça.

 

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