Anticorpos protegem macacos do 'HIV' por vários meses

Em populações humanas, de risco elevado de contrair o vírus da aids, essa proteção "poderia ter um profundo impacto"
AFP
Publicado em 27/04/2016 às 17:47
Em comunicado, o instituto assegura que o anticorpo desenvolvido ataca e neutraliza o vírus nas pessoas doentes Foto: Foto: Osnei Restio/ Prefeitura de Nova Odessa


Uma única injeção de um anticorpo produzido em laboratório protegeu macacos contra um vírus da aids por quase seis meses - de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira (27).

Expostos ao HIV Simian (SHIV) uma vez por semana, os macacos não tratados contraíram o vírus ao fim de três semanas em média, enquanto os macacos tratados permaneceram até 23 semanas livres de infecção por esse vírus.

Em populações humanas, de risco elevado de contrair o vírus da aids, essa proteção "poderia ter um profundo impacto sobre a transmissão do HIV", afirma uma equipe de pesquisadores sediada na Alemanha e nos Estados Unidos, cujos trabalhos foram publicados na revista Nature.

Eles testaram a imunização passiva como uma solução de proteção, uma alternativa às vacinas experimentais que até agora têm sido infrutíferas.

Uma vacina empurra o corpo a produzir anticorpos contra um ou mais agentes infecciosos, vírus, ou bactérias. Sua ação é de longa duração e, às vezes, por toda a vida.

A imunização passiva consiste em injetar anticorpos protetores contra um patógeno, ou contra sua toxina. Sua proteção é imediata, mas de curta duração.

A imunização passiva foi usada para proteger viajantes contra a hepatite A, até que uma vacina se tornou disponível. Alguns esperam que ela possa ser usada para prevenir milhões de infecções por HIV até a chegada de uma vacina no mercado.

Em todo o mundo, 34 milhões de pessoas morreram por causa da Aids desde o início da epidemia global, e cerca de 37 milhões viviam com o vírus em 2014, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Não há nenhum tratamento que leve à cura, mas poderosos coquetéis permitem controlar a multiplicação do vírus.

As tentativas de usar anticorpos anti-HIV tiveram sucesso limitado, porque cada anticorpo neutraliza, geralmente, apenas um estreito espectro de cepas de vírus.

Mas a descoberta de anticorpos capazes de neutralizar um amplo leque de estirpes de HIV, chamado "bNAb", e que estaria presente em 10% a 30% das pessoas soropositivas, impulsionou a investigação por vacinas.

Três destes anticorpos foram testados no estudo. Cada um retardou a infecção em macacos em diferentes intervalos: o primeiro, em até 12 semanas; o segundo, em até 20 semanas; e o terceiro, em até 23 semanas.

Ainda são necessárias mais pesquisas, porém, para determinar se essa abordagem representa uma alternativa válida para a vacinação em humanos.

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