Conheça Aleppo, principal campo de batalha da guerra na Síria

A província pode estar à beira de um desastres humanitário, segundo a Cruz Vermelha
AFP
Publicado em 29/04/2016 às 11:20
A província pode estar à beira de um desastres humanitário, segundo a Cruz Vermelha Foto: Foto: AMEER ALHALBI / AFP


A rica província setentrional de Aleppo e sua capital de mesmo nome são o principal campo de batalha da guerra civil na Síria, que em cinco anos fez mais de 270.000 mortos.

Mais de 200 civis morreram em uma semana em áreas controladas pelo regime e rebeldes em Aleppo.

"Aleppo está agora às portas de um desastre humanitário", segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Nesta sexta-feira (29), uma clínica médica foi atingida por um ataque do lado rebelde da cidade. Quarta-feira, bombardeios do regime destruíram um hospital apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras, fazendo dezenas de mortos, incluindo crianças e médicos.

Da cidade florescente e sua cidade velha famosa em todo o mundo, resta apenas uma cena desoladora. Segunda maior cidade da Síria, com 2,5 milhões de habitantes antes da guerra, sua população caiu para um milhão de pessoas.

Sua província é um campo de batalha para todos os envolvidos nesta guerra: os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) ou da Frente Al-Nosra (facção síria da Al Qaeda), grupos rebeldes, exército e milícias e pró-regime, combatentes libaneses do Hezbollah ou curdos.

Cidade milenar

Ex-capital econômica e joia arquitetônica, Aleppo é uma das cidades mais antigas do mundo a ser continuamente habitada desde pelo menos 4.000 a.C, graças à sua localização estratégica entre o Mediterrâneo e a Mesopotâmia.

Localizada no cruzamento de importantes rotas comerciais, muitas civilizações se estabeleceram na localidade.

Especializada na indústria manufatureira, principalmente têxtil, a metrópole do norte da Síria foi a segunda cidade do Império Otomano, no século XIX.

Em 1979, depois de um ataque contra a academia militar de Aleppo, o regime reagiu duramente contra a Irmandade Muçulmana - acusada de ter cometido o ataque - e negligencia a cidade, cujos mercadores apoiaram a revolta da irmandade islâmica.

Mas na década de 1990, a cidade recuperou um pouco de sua prosperidade, principalmente graças às suas atividades comerciais e industriais.

Patrimônio destruído

Na primavera de 2011, milhares de estudantes protestaram em Aleppo, até então relativamente incólume ao movimento de contestação lançado em meados de março, antes de ser rapidamente dispersos.

Em julho de 2012, eclodiram violentos combates entre o exército legalista e o Exército Sírio Livre (ESL), composto por civis que pegaram em armas e desertores. Os rebeldes conseguiram tomar a maior parte da cidade.

Logo depois começaram os primeiros ataques aéreos do regime e o lançamento de destrutivos barris cheios de explosivos na cidade.

Aleppo foi então dividida entre as áreas controladas pelos rebeldes e as pelo regime, e sua província fragmentada entre regime, rebeldes, jihadistas e curdos.

Os habitantes pagaram um alto preço.

Listada como Patrimônio Mundial da Unesco em 1986, a cidadela de Aleppo, uma jóia da arquitetura militar islâmica da Idade Média, começou a ser construída no século X. Sua construção levou três séculos.

Mas em julho de 2015, uma parte das muralhas da cidadela desabou após a explosão de um túnel na Cidade Velha.

Anteriormente, o minarete Seljuk da mesquita de Omayyad entrou em colapso, e o souk (mercado) de Aleppo, com suas lojas, por vezes, centenárias, foi parcialmente destruído pelo fogo.

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