A organização não-governamental Anistia Internacional afirmou hoje que as autoridades iraquianas mantêm suspeitos de terrorismo sob condições de detenção extremas, sem capacidade para processar os casos.
O secretário-geral da organização, Salil Shetty, acompanhado de uma delegação, visitou no sábado (30) um centro de detenção em Amriyat al-Faluja, na região oeste de Bagdad.
"Visitamos um centro de detenção em Amriyat al-Faluja, onde encontramos 700 pessoas, que seriam suspeitos de crimes de terrorismo, confinadas há meses no local", disse Shetty.
"As condições sob as quais são mantidos são chocantes, há uma pessoa por aproximadamente um metro quadrado, sem lugar para se deitar (...) as latrinas estão no mesmo espaço e eles recebem muito pouca comida", afirmou o secretário-geral da Anistia.
Donatella Rovera, assessora da organição para respostas a crises, afirmou que o centro – administrado pelas forças antiterroristas iraquianas – tem apenas quatro investigadores para analisar todos os casos.
Amriyat al-Faluja fica na província de Anbar, onde as forças de segurança combatem o grupo extremista Estado Islâmico desde 2014.
As operações militares levaram ao deslocamento de um grande número de civis na províncias. Milhares de homens sunitas foram detidos sob suspeita de atividades terroristas e mantidos sem qualquer comunicação com o exterior.
"Nenhum foi formalmente acusado. Eles ficam detidos durante meses porque as autoridades locais não têm qualquer capacidade para investigar estes casos", disse Shetty.
"As próprias autoridades afirmam não saber como a maioria destas pessoas acabou neste centro de detenção e pensam que a maior parte deles é inocente", acrescentou Salil Shetty.
"É um sintoma de um problema maior porque estivemos com 700 deles, mas há muitos, muitos mais lugares destes por todo o país", declarou Shetty. "É realmente um mau exemplo de como o sistema judiciário não funciona no país", disse.
A Anistia Internacional defende que o fortalecimento do sistema judiciário devia ser uma das prioridades no Iraque, onde violações diárias dos direitos humanos continuam impunes.