O vice-presidente da Venezuela, Aristóbulo Istúriz, afirmou neste domingo que não haverá referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro por erros da oposição na coleta de assinaturas para convocar a consulta.
"Aqui Maduro não vai sair por referendo porque primeiro aqui não vai haver referendo. (...) Eles sabem que não vai haver referendo porque primeiro o fizeram tarde, segundo o fizeram mal e terceiro cometeram fraude", disse Aristóbulo em um ato de apoio à presidente afastada do Brasil Dilma Rousseff, exibido pela televisão estatal.
O líder opositor Henrique Capriles advertiu no sábado sobre uma explosão social se o governo impedir a celebração do referendo revogatório contra Maduro este ano, depois que o presidente declarou um estado de exceção.
"Terão que matar a todos nós antes de dar um golpe parlamentar", disse Istúriz.
Maduro declarou estado de exceção para enfrentar o que denunciou como uma ameaça externa e convocou "exercícios militares" para preparar-se para "qualquer cenário", como uma eventual "intervenção armada" internacional.
Além disso, ordenou tomar as fábricas improdutivas e deter os empresários que paralisam suas fábricas para, em sua opinião, "sabotar" o país, em meio a uma "guerra econômica" que atribui ao setor privado.
A oposição esperava realizar o referendo revogatório no mais tardar no final deste ano, mas o oficialismo vinha afirmando que os prazos legais não permitiriam.
Se um referendo revogatório for realizado depois de 10 de janeiro de 2017 - quando completam quatro anos do mandato presidencial - e Maduro perder, os dois anos restantes seriam completos pelo vice-presidente designado pelo chefe de Estado.
A Venezuela está afogada em uma profunda crise agravada pelo colapso das receitas do petróleo, com a inflação mais alta do mundo (180,9% em 2015) e uma queda do PIB de 5,7% no ano passado.