Avião da EgyptAir registrou fumaça a bordo antes de cair no Mediterrâneo

Até o momento, o governo egípcio e a comunidade de especialistas parecem privilegiar a tese de atentado para explicar o ocorrido com o avião
AFP
Publicado em 21/05/2016 às 8:35
Até o momento, o governo egípcio e a comunidade de especialistas parecem privilegiar a tese de atentado para explicar o ocorrido com o avião Foto: Foto: THOMAS SAMSON / AFP


O Airbus A320 da EgyptAir transmitiu mensagens automáticas apontando fumaça a bordo, antes de cair, na última quinta-feira (18), no Mediterrâneo, confirmaram neste sábado (21) investigadores da aviação civil francesa, enquanto prosseguiam as buscas por novos fragmentos do avião.

Até o momento, o governo egípcio e a comunidade de especialistas parecem privilegiar a tese de atentado para explicar o ocorrido com o aparelho, que seguia de Paris ao Cairo com 66 pessoas a bordo, entre elas 30 egípcios e 15 franceses. O avião caiu no Mediterrâneo durante a madrugada, após desaparecer dos radares.

Os primeiros fragmentos do avião, bem como de corpos, foram localizados 290km ao norte da Alexandria, por aviões e embarcações enviadas pelo Exército egípcio.

Investigadores franceses do Departamento de Investigações e Análises (BEA) "confirmam que houve mensagens Acars (Aircraft Communication Addressing and Reporting System) enviadadas pelo avião apontando fumaça na cabine, pouco antes da interrupção das transmissões de dados", declarou neste sábado um porta-voz à AFP.

"Ainda é cedo para interpretar e compreender as causas do acidente, enquanto não encontrarmos os restos do aparelho ou as gravações. A prioridade da investigação é encontrar os restos e gravações", assinalou.

A imprensa americana já havia informado sobre a existência de fumaça de origem indeterminada na parte dianteira do avião pouco antes da queda.

As mensagens Acars são dados gerados e transmitidos automaticamente pelo aparelho durante o voo.

Segundo a imprensa americana, este sistema emitiu alertas por dois minutos, um deles apontando fumaça de origem indeterminada na parte dianteira da cabine, e outro, uma falha no sistema eletrônico de controle do avião, antes de que o mesmo iniciasse a queda.

Segundo Philip Baum, especialista em aeronáutica citado pela BBC, "os instrumentos do avião se apagaram".

"Tudo isso começa a mostrar que, provavelmente, não se tratou de um sequestro, que, certamente, não houve luta na cabine, que, possivelmente, tratou-se de um incêndio a bordo. Mas não sabemos se foi de origem técnica, um curto-circuito, ou uma bomba que explodiu", acrescentou.

O presidente da EgypAir, Safwat Moslem, não quis falar sobre os alertas, limitando-se a dizer: "As famílias querem os restos de seus parentes e isto é a nossa principal preocupação."

- Sem reivindicação -

Não houve reivindicação de autoria de um eventual atentado, mais de dois dias depois da tragédia. Apenas a análise dos destroços do avião, dos corpos, e, principalmente, das caixas-pretas, permitirá determinar as razões do ocorrido.

A França enviou um navio-patrulha de alto-mar equipado com material apto para as buscas das caixas-pretas. A embarcação deve chegar ao local da queda neste domingo ou segunda-feira, informou a Marinha francesa.

Há seis meses, o braço egípcio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) detonou uma bomba a bordo de um avião com turistas russos que sobrevoava o Sinai egípcio, matando os 224 ocupantes.

Neste contexto, o Egito e especialistas haviam levantado a tese de atentado para explicar a queda do Airbus nesta quinta-feira, baseando-se no fato de que a tripulação não emitiu nenhuma mensagem de alerta.

A bomba que explodiu a bordo do charter russo em 31 de outubro de 2015 fez o aparelho se desintegrar instantaneamente, causando o que especialistas chamam de "despressurização explosiva", devido à grande altitude, sem dar chances ao piloto de enviar um sinal de alerta.

O A320 da EgyptAir voava a uma altitude de 37.000 pés (11.200m) quando, subitamente, "fez um giro de 90° para a esquerda; depois, de 360° para a direita, e caiu para 15.000 pés", antes de desaparecer dos radares, segundo fontes gregas.

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