Maduro anuncia que Venezuela iniciará 'nova etapa de diálogo' com EUA

Presidente venezuelano disse estar "pronto para nomear embaixadores e regularizar as relações" entre os dois países
AFP
Publicado em 14/06/2016 às 22:50
Presidente venezuelano disse estar "pronto para nomear embaixadores e regularizar as relações" entre os dois países Foto: Foto: AFP


O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira que seu governo iniciará uma "nova etapa de diálogo" com os Estados Unidos, após uma reunião entre a chanceler Delcy Rodríguez e o secretário de Estado, John Kerry, na Assembleia Geral da OEA, em Santo Domingo.

"Eles propuseram que iniciemos uma nova etapa de diálogo com novos canais de comunicação e um conjunto de encontros em alto nível de forma imediata, e eu disse à chanceler: 'aprovado'. Vamos iniciar esta série de encontros de alto nível, estou de acordo", afirmou Maduro, em ato oficial transmitido em rede nacional.

O presidente venezuelano disse estar "pronto para nomear embaixadores e regularizar as relações" entre os dois países, cujos governos retiraram seus embaixadores em 2010.

Maduro informou que o encontro durou 40 minutos e foi solicitado pelo governo americano. 

"Foi uma reunião respeitosa, na qual nós exigimos ao governo dos Estados Unidos respeito à independência da Venezuela, à soberania da Venezuela", acrescentou.

Na reunião, Kerry e Rodríguez acertaram que o vice-secretário de Estado Thomas Shannon visitará a Venezuela muito em breve para avançar em um diálogo bilateral, informou o diplomata americano.

Após o encontro, o secretário de Estado disse à imprensa: "conversamos sobre o referendo revogatório (...), tratamos de dizer que eles devem responder de modo que mostrem abertura e respeito a sua própria lei".

"Não queremos uma suspensão, não acreditamos que isto seja construtivo" para a Venezuela. "Acredito que é mais construtivo dialogar do que isolar".

Caracas e Washington têm uma longa lista de conflitos, nos quais a Venezuela acusa os Estados Unidos de "intervencionismo imperialista", enquanto a Casa Branca acusa funcionários do governo venezuelano de violar os direitos humanos.

Mais cedo, diante da Assembleia Geral da OEA, Kerry fez um apelo à libertação dos "presos políticos" venezuelanos, respeito à liberdade de expressão e alívio à escassez de alimentos e medicamentos que o país sofre, ao que Rodríguez respondeu, irritada, "os assuntos internos da Venezuela os resolvem os venezuelanos".

"Os venezuelanos têm direito a usar os mecanismos constitucionais para manifestar sua vontade de maneira democrática", disse Kerry, ao pedir a realização de um "referendo justo e oportuno".

De acordo com o secretário de Estado, a invocação da Carta Democrática Interamericana por parte do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, abrirá "a discussão de que Venezuela tanto necessita (...) sobre as dimensões política, econômica, social e humanitária dessa crise".

O Conselho Permanente da OEA deve decidir por maioria se inicia gestões diplomáticas para a Venezuela, em sessão extraordinária na próxima semana.

O governo da Venezuela tenta garantir pelo menos 18 votos a favor para essa sessão. Com isso, teria condições de bloquear a aplicação de medidas, como prevê a Carta Democrática.

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