Atirador de Orlando se identificou como 'soldado islâmico' em chamada à emergência

O FBI divulgou uma transcrição parcial de uma ligação telefônica feita por Omar Mateen para a Polícia no meio de seu brutal ataque na boate gay Pulse
AFP
Publicado em 20/06/2016 às 21:19
O FBI divulgou uma transcrição parcial de uma ligação telefônica feita por Omar Mateen para a Polícia no meio de seu brutal ataque na boate gay Pulse Foto: Foto: Internet


O atirador de Orlando, Omar Mateen, reivindicou ser um "soldado islâmico" e atuou com "espantosa calma" quando ligou para o número de emergência no auge do tiroteio que matou o maior número de pessoas na história recente dos Estados Unidos - disseram oficiais nesta segunda-feira (20).

O FBI divulgou uma transcrição parcial de uma ligação telefônica feita por Omar Mateen para a Polícia no meio de seu brutal ataque na madrugada de domingo (12) na boate gay Pulse em Orlando, Flórida. A ofensiva deixou 49 mortos e 53 feridos.

Durante a ligação, "o assassino fez declarações homicidas com espantosa calma, de forma deliberada", relatou, em entrevista coletiva, o oficial do FBI Ron Hopper.

Mateen "se identificou como um soldado islâmico e jurou lealdade a uma organização terrorista", acrescentou.

As autoridades não divulgaram o áudio completo da ligação "por respeito às vítimas dessa horrível tragédia" e, no texto que entregaram à imprensa, omitiram o nome do atirador e do grupo ao qual ele disse pertencer.

"Estou em Orlando e cometi o tiroteio", anunciou Mateen, de acordo com a transcrição.

As autoridades afirmam não ter, no momento, evidências de que as ações do homem de 29 anos tenham sido comandadas por um grupo terrorista.

Na entrevista coletiva, o chefe da Polícia de Orlando, John Mina, relatou que, durante as três horas de terror, a Polícia passou a considerar o ataque de "uma situação de atirador ativo" para "uma situação de homem armado com reféns".

A transcrição coloca em evidência que, quando a Polícia entrou na boate Pulse minutos após o início do ataque, Mateen se entrincheirou em um banheiro com um grupo de pessoas.

De acordo com John Mina, durante as três horas não houve troca de disparos. O tiroteio reiniciou quando começou a operação de resgate de reféns, e o atirador foi morto.

Nesse intervalo, a equipe de negociação da Polícia de Orlando manteve três conversas com o atirador.

A Polícia respondeu assim às críticas que surgiram nos últimos dias. Entre elas, está a avaliação de que os policiais teriam atuado com ineficácia por permitir esse longo impasse, o qual, se não tivesse ocorrido, poderia ter permitido que muitas pessoas feridas se salvassem.

"Existe essa ideia equivocada de que não fizemos nada durante três horas, e estou tentando deixar claro que isso é totalmente falso", frisou Mina.

Na transcrição fornecida pelo FBI (a Polícia Federal americana), assim como na coletiva de imprensa, o nome de Mateen, um americano de 29 anos de origem afegã, não é mencionado.

"Não vamos propagar a retórica da violência", justificou Ron Hopper.

O governador da Flórida, Rick Scott, criticou a decisão, censurando a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, por ter eliminado as referências ao EI.

"Todos buscamos respostas. Por que (a procuradora) não divulgou tudo?" - questionou Scott, em entrevista ao canal Fox.

"Isso está claramente inspirado no EI [Estado Islâmico]. É resultado de um islamismo malvado e radical. Temos de chamá-lo por seu nome", defendeu.

Depois da enxurrada de críticas nesse sentido, o Departamento americano de Justiça recuou e, mais tarde nesta segunda-feira, divulgou uma transcrição sem omissões.

"Juro lealdade a Abu Bakr al-Bagdadi, Deus o proteja (em árabe), de parte do Estado Islâmico", declara Mateen, na segunda versão do texto.

Nesta segunda-feira, o Senado americano rejeitou a proposta do Partido Democrata para reforçar as verificações de antecedentes criminais e psiquiátricos dos compradores de armas, oito dias após o massacre.

Por 56 votos contra 44, a bancada republicana no Senado barrou a iniciativa que os democratas tentam aprovar há anos.

O Senado já havia rejeitado outra proposta republicana para modificar o sistema de verificação de antecedentes, por 53 votos a favor e 47 contra. Para ser aprovada, era necessário obter no mínimo 60 votos.

Outros dois textos encaminhados para proibir a venda de armas para pessoas incluídas na lista de suspeitos de vínculos com grupos terroristas também foram rejeitados por falta de acordo entre as bancadas de ambos os partidos.

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