Um atentado suicida do grupo islamita nigeriano Boko Haram deixou 11 mortos no Camarões, evidenciando sua capacidade de ataque, apesar das derrotas diante das forças armadas de vários países da região.
"Um suicida do Boko Haram detonou seus explosivos à noite em Djakana", uma localidade da região do Extremo Norte, na fronteira com a Nigéria, deixando dez mortos, havia declarado à AFP uma fonte de segurança que pediu o anonimato.
"O balanço aual deste atentado é de 11 mortos e 4 feridos", informou posteriormente à AFP o governador da região, Midjiyawa Bakari. Ele acrescentou que os feridos foram levados a dois hospitais.
Segundo a fonte de segurança, a maioria das vítimas eram integrantes do comitê de vigilância encarregado de detectar combatentes do Boko Haram, um grupo filiado à organização Estado Islâmico (EI), e de avisar as forças de segurança em caso de infiltração de jihadistas.
"Estavam reunidos em uma sala de vídeo quando um suicida se infiltrou e detonou os explosivos", informou.
O governador classificou de imprudentes os jovens que administram o comitê. "As atividades estão proibidas, se arriscam divulgando filmes à noite com um gerador elétrico".
"Reina uma certa calma na região, mas pedimos às populações que esperem a autorização para retomar as atividades, sobretudo na linha de frente", acrescentou o governador.
Nas últimas semanas não haviam sido cometidos atentados suicidas nesta região, fronteiriça com a zona na qual o Boko Haram costuma agir.
Os islamitas costumam usar mulheres e meninas como suicidas em Nigéria, Camarões, Chade e Níger para atacar sobretudo mesquitas, mercados, pontos de ônibus e postos de controle
Alguns ataques também foram dirigidos contra campos de deslocados pelo conflito que desde 2009 deixou 20.000 mortos e 2,3 milhões de refugiados.
Ofensivas
Nos últimos meses, o grupo acumulou derrotas militares e perdeu quase todas as localidades que controlava no nordeste da Nigéria.
Embora a ameaça do Boko Haram tenha diminuído, "não foi erradicada", afirma o general Patrick Brethous, comandante da operação militar francesa que luta contra os grupos jihadistas no Sahel.
O Boko Haram "não tem capacidade para atacar Yamena", a capital do Chade, "e não vai mais às grandes cidades", mas "segue presente no estado de Borno", no nordeste da Nigéria, especialmente na região do lago Chade, adverte o general.
Há operações em andamento - acrescenta - no estado de Borno e ao redor do lago Chade, e uma contraofensiva está sendo preparada.
"É preciso prosseguir com as operações de forma coordenada no seio da força multinacional mista e com o apoio de alguns países ocidentais como Estados Unidos, França e Reino Unido", concluiu o general.