Chanceleres de Rússia e da Turquia se reúnem para normalizar relações

Vladimir Putin e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, conversaram na quarta-feira por telefone, pela primeira vez desde o início da crise entre os dois países
AFP
Publicado em 01/07/2016 às 9:43
Vladimir Putin e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, conversaram na quarta-feira por telefone, pela primeira vez desde o início da crise entre os dois países Foto: Foto: IVAN SEKRETAREV / POOL / AFP


Os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Turquia se reuniram nesta sexta-feira (1º) pela primeira vez desde a retomada do diálogo entre os dois países para diminuir a tensão após a crise diplomática dos últimos meses.

"Esperamos que esta reunião dê o tom adequado para a normalização de nossas relações", declarou o chanceler russo, Serguei Lavrov, citado pelas agências russas, no início da reunião dos dois ministros em Sochi (sul), onde é realizada a Assembleia da Organização de Cooperação Econômica do Mar Negro (OCEMN).

"Nossos respectivos presidentes falaram por telefone. Foi muito construtivo e nos encarregaram de dar seguimento a esta conversa para normalizar as relações e levá-las a um nível adequado", afirmou o ministro turco, Mevlut Cavusoglu.

Vladimir Putin e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, conversaram na quarta-feira por telefone, pela primeira vez desde o início da crise entre os dois países, provocada pela derrubada no fim de novembro de um caça-bombardeiro russo por F-16 turcos, perto da fronteira com a Síria. Os dois presidentes decidiram realizar outro encontro.

A melhora das relações entre os dois países, após meses de intensos ataques dialéticos, ocorre depois que Erdogan enviou uma carta a Putin para apaziguar a tensão.

O primeiro sinal de distensão ocorreu imediatamente. Putin ordenou o levantamento das sanções contra a Turquia no setor turístico e o início da normalização das relações comerciais entre os dois países.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a reunião entre os ministros das Relações Exteriores dos dois países precederá uma reunião de seus presidentes, que pode ocorrer por ocasião da cúpula do G20 no início de setembro na China, ou mesmo antes.

Após a queda do avião russo, Moscou adotou medidas de represália, essencialmente comerciais, contra a Turquia. Entre elas, um embargo à importação de frutas e verduras turcas e a proibição para as empresas russas de contratar trabalhadores turcos.

O governo russo também restabeleceu desde 1º de janeiro de 2016 os vistos para os turcos, proibiu os voos charter à Turquia e a venda de viagens a este país por parte de operadores turísticos russos, desferindo um duro golpe no setor do turismo da Turquia, país que é um dos destinos preferidos dos turistas russos.

Punhalada pelas costas

O grave incidente que originou esta crise ocorreu em novembro de 2015, quando um piloto russo morreu depois que seu caça foi abatido pela aviação turca perto da fronteira sírio-turca.

A Turquia afirmou que o avião entrou em seu espaço aéreo e ignorou várias advertências, o que a Rússia negou.

Este incidente, classificado de "punhalada pelas costas" pelo presidente russo, provocou esta aguda crise entre os dois países, que se somou as suas divergências sobre o conflito na Síria.

A Rússia dá claramente seu apoio ao presidente sírio Bashar al-Assad, enquanto Ancara deseja sua queda e encorajou os grupos rebeldes que lutam contra seu regime.

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