Homens armados mataram vinte estrangeiros, em sua maioria italianos e japoneses, em um restaurante de Daca, capital de Bangladesh, em uma tomada de reféns que terminou neste sábado após mais de onze horas e que foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico (EI).
A tomada de reféns terminou neste sábado (2) após uma ação das forças de elite de Bangladesh, que mataram seis sequestradores.
Os islamitas extremistas lançaram na noite de sexta-feira um ataque neste restaurante localizado em um bairro de luxo da capital de Bangladesh, frequentado por diplomatas e estrangeiros, tomando vários reféns.
O exército anunciou que a maioria das vítimas são japonesas e italianas.
Após o ataque das forças de segurança, a primeira-ministra Sheikh Hasina disse que o país está "determinado a erradicar o terrorismo" neste país de maioria muçulmana. O governo nega que o EI esteja presente em Bangladesh.
Os sobreviventes contaram que os sequestradores separaram os nacionais dos estrangeiros antes de iniciar os assassinatos, um massacre que terminou 11 horas mais tarde com a ação das forças de segurança.
A maioria das vítimas foram massacradas com armas brancas. Além disso, dois policiais morreram na sexta-feira (1) nos combates contra os criminosos, que estavam fortemente armados.
"Encontramos 20 corpos. A maioria das pessoas morreu brutalmente por armas perfurocortantes", disse o porta-voz militar Nayeem Ashfaq Chowdhury.
As forças antiterroristas resgataram 13 reféns, três deles estrangeiros, na operação de resgate, durante a qual seis criminosos morreram. Um sétimo terrorista foi preso, segundo o exército.
Bangladesh está afundado há meses em uma série de assassinatos de representantes de minorias religiosas, intelectuais e estrangeiros, crimes pelos quais o governo acusa grupos locais, mas que foram reivindicados pelo EI ou por um braço da Al-Qaeda.
Este ataque aumenta os temores de uma expansão destes dois grupos jihadistas em Bangladesh.
"É um ato odioso. Que tipo de muçulmanos são estas pessoas? Não são de nenhuma religião", afirmou a primeira-ministra em um discurso televisionado.
EI reivindicou o ataque
Estrangeiros e bengaleses aguardavam neste sábado fora do restaurante notícias de seus familiares. Militares continuavam montando guarda nos telhados dos imóveis próximos ao restaurante.
Durante a ação de resposta das forças de segurança foram ouvidos muitos disparos. Oito reféns foram resgatados no início da operação.
Os terroristas invadiram o restaurante às 21h20 locais (12h20 de Brasília) ao grito de "Allahu Akbar" (Alá é grande), abrindo fogo e usando explosivos.
O grupo Estado Islâmico reivindicou rapidamente o ataque, segundo um comunicado da agência Amaq, vinculada à organização extremista. A agência divulgou fotos de corpos jazendo em poças de sangue, mas elas não puderam ser confirmadas.
"Entraram (no restaurante) com explosivos e granadas", relatou a um canal de televisão de Buenos Aires o chef argentino Diego Rossini, que conseguiu escapar pelo telhado.
"Tenho muito medo, sinceramente, metade dos cozinheiros entrou em um banheiro e não temos notícias. Não sei se estão vivos", acrescentou.
Rossini comemorou o fato de ser "um dia de pouco movimento e não ter tanta gente comendo no restaurante. Mas foi uma situação horrenda".
Um refém contou ao seu pai que os criminosos separaram os bengaleses dos estrangeiros. Os estrangeiros "foram levados ao piso de cima, enquanto os nacionais se sentaram ao redor de uma mesa", disse este pai, Rezaul Karim, à AFP.
"Minha nora usa hijab. Talvez isso tenha salvado toda a família", disse.
Assassinatos em série
Este ataque é o último de uma longa lista de assassinatos. Na sexta-feira, o funcionário de um templo hindu foi morto no oeste do país.
As autoridades de Bangladesh proibiram o principal partido islamita de apresentar candidatos às eleições e vários de seus dirigentes foram presos ou executados recentemente pelo papel que desempenharam na guerra de independência de 1971.
Além disso, as autoridades lançaram no mês passado em todo o país uma série de operações contra os grupos jihadistas locais que resultou na prisão de 11.000 pessoas.
No entanto, grupos de defesa dos direitos humanos estimam que estas detenções frequentemente são arbitrárias ou têm como objetivo calar opositores políticos.