A pena de morte não está descartada para os suspeitos de conspirar contra o governo da Turquia, afirmou nesta segunda-feira (18) o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em entrevista à emissora americana CNN.
Erdogan, que deu sua primeira entrevista desde a dramática tentativa de golpe de Estado em seu país, na sexta-feira passada, também disse que nos próximos dias seu governo pode fazer um requerimento aos Estados Unidos para extraditar o clérigo Fethullah Gülen, a quem acusa de ter fomentado a conspiração.
"Está claro que se trata de um crime de traição", disse Erdogan à emissora de TV por meio de um tradutor, quando perguntado sobre os apelos a que os supostos conspiradores enfrentem a pena capital.
"Mas obviamente, esta será uma decisão parlamentar para que possa se tornar uma medida constitucional", acrescentou. A abolição da pena de morte na Turquia, em 2004, resultou de longos esforços conjuntos com a União Europeia.
"Assim, os líderes terão que se unir para discuti-lo, eu aprovarei qualquer decisão que vier do Parlamento", afirmou o presidente turco.
A Turquia lançou um vasto expurgo e demitiu nesta segunda-feira quase 9.000 funcionários, entre as medidas implacáveis adotadas contra os conspiradores, qualificados por Erdogan como um "vírus" que ele prometeu eliminar.
No entanto, os Estados Unidos e a União Europeia alertaram contra uma vingança excessiva e pediram respeito ao Estado de direito.
Erdogan acusa seu grande inimigo, Gülen, de estar por trás da tentativa de golpe. Mas o clérigo, que se autoimpôs um exílio na Pensilvânia, rejeitou qualquer relação com a tentativa de golpe.
"Temos um acordo mútuo de extradição de criminosos", disse Erdogan à emissora de TV, ao lembrar que poderia pedir a extradição de Gülen. "Deve haver reciprocidade neste tipo de coisas", pontuou.