Mais de 100.000 chilenos saíram às ruas de Santiago neste domingo (24) para protestar contra o atual sistema de aposentadorias gerenciado pelas Administradoras de Fundos de Pensão (AFP) criadas durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e acusadas de entregarem aposentadorias baixíssimas.
Uma enorme multidão se reuniu na praça Itália, centro de Santiago, atendendo à convocação da Coordenadora de Trabalhadores No +AFP para protestar contra o sistema de pensão em uma marcha que recorreu por mais de duas horas a avenida Alameda, principal via da capital chilena.
Apesar do frio intenso, idosos e jovens foram às ruas com suas famílias para exigir o fim das AFP que administram as pensões dos trabalhadores chilenos.
Os funcionários repassam para a AFP 13% de seus salários e recebem aposentadorias que, segundo os críticos, seriam muito menores do que o valor das remunerações que recebiam.
"Este é sistema sujo gerenciado pelas AFP sangue-suga que roubam nossas economias e que no fim nos entrega uma aposentadoria de merda", disse à AFP, Julia Miranda, uma indignada trabalhadora chilena.
Os manifestantes pedem a volta do sistema administrado pelo Estado, que existia no Chile antes de 1981, quando em plena ditadura o então ministro do Trabalho, José Piñera, irmão do ex-presidente direitista Sebastián Piñera (2010-2014), elaborou uma reforma das aposentadorias que incluiu a criação das AFP.
A presidente Michelle Bachelet convocou no ano passado uma comissão que elaborou uma série de propostas para reformar o atual sistema de aposentadorias, que acirrou o debate entre os críticos e os defensores das AFP.
Outras grandes marchas contra as AFP aconteceram também em outras cidades do Chile.