O pai do pequeno Aylan Kurdi, cuja morte no ano passado comoveu todo o planeta, lamentou nesta quarta-feira que refugiados continuam morrendo no mar, mas ninguém faz nada, em uma entrevista ao jornal alemão Bild.
"Depois da morte da minha família, os políticos afirmaram: 'Nunca mais'", recorda Abdullah Kurdi, que além de Aylan, de 3 anos, perdeu a mulher Rehab, de 35 anos, e o filho mais velho Galip, de 5 anos, afogados na costa turca depois do naufrágio de sua embarcação.
"Todos queriam fazer algo depois da foto que tanto comoveu", disse o homem de 41 anos, ao recordar a imagem do filho morto na praia de Bodrum.
"Mas o que acontece agora? As mortes continuam e ninguém faz nada", completou Abdullah Kurdi, cuja família está enterrada em Kobane, uma cidade síria próxima da fronteira com a Turquia.
Ele não lamenta, no entanto, a divulgação da foto do filho mais novo, por considera que "uma coisa assim deve ser mostrada para que as pessoas vejam claramente o que acontece".
"O horror na Síria tem que terminar. As tragédias do exílio também", completou.
Morando atualmente em Erbil, no Curdistão iraquiano, o pai de Aylan e de Galip sente que está mais seguro do que antes, mas "para fazer o que", ele questiona.
As crianças são o símbolo da gravidade da situação na Síria. Recentemente, um vídeo de um menino sírio de cinco anos sendo retirado de escombros na Síria comoveu o mundo. É possível ver o pequeno Omran Daqneesh coberto de poeira e ensanguentado. Ele parece cansado e atordoado, sem entender a situação. Ele coloca a mão na cabeça e percebe o sangue no rosto, mas não chora.