O governismo e a oposição da Venezuela anunciaram novas mobilizações nas ruas sobre a ativação de um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, após uma semana marcada por manifestações em Caracas.
"Vamos continuar mobilizando a nossa gente", declarou neste domingo o líder chavista Diosdado Cabello, em entrevista ao canal de televisão privado Televén.
"O referendo revogatório não tem a menor possibilidade de ser este ano. (...) Se acontecer, será em março", disse Cabello sobre a consulta, que a oposição exige que seja realizada em 2016. O governo rejeita tal cenário, alegando que os trâmites foram iniciados tardiamente.
O tempo é um fator crucial para a oposição. Se a consulta for realizada antes de 10 de janeiro de 2017 e o governo perder, haverá novas eleições presidenciais. Se o referendo acontecer após essa data e os venezuelanos votarem pela saída de Maduro, ele seria substituído pelo seu vice-presidente.
Cabello ratificou, ainda, as acusações sobre supostos planos da oposição para gerar violência e justificar, assim, um golpe de Estado contra o governo de Maduro.
Para pedir ao poder eleitoral que agilize o processo do revogatório, a oposição realizou uma enorme marcha na quinta-feira passada em Caracas, que segundo seus organizadores reuniu mais de um milhão de pessoas, embora o chavismo afirme que não havia mais do que 30.000 presentes.
Maduro, em resposta, liderou uma grande marcha paralela em direção ao centro de Caracas.
"Quem vem é o povo mobilizado em paz e pela paz, exigindo seu direito de votar", declarou neste domingo Jesús Torrealba, secretário-executivo da coalizão opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD), também em entrevista à Televén.
Torrealba reafirmou a convocação para novas manifestações, nos dias 7 e 14 de setembro, para pedir ao poder eleitoral a data definitiva e as condições para a coleta das quatro milhões de assinaturas necessárias para ativar o referendo.
Se o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não oferecer respostas, "protestaremos de uma maneira enérgica em toda a Venezuela", advertiu o porta-voz.
Neste domingo, três dias após a enorme manifestação da oposição em Caracas, milhares de venezuelanos marcharam pelas ruas de Madri em apoio ao referendo revogatório, segundo um repórter da AFP no local.
Ao grito de "Venezuela, referendo! Maduro, fora!", o protesto reuniu cerca de 3.000 pessoas, segundo a polícia, e 4.500, de acordo com os organizadores.