O papa Francisco denunciou "o silêncio ensurdecedor da indiferença" ante as vítimas das guerras, durante uma oração pela paz nesta terça-feira em Assis, centro da Itália.
"Imploram pela paz as vítimas das guerras, que contaminam os povoados com o ódio e a Terra com as armas, imploram pela paz nossos irmãos e irmãs que vivem sob a ameaça dos bombardeios ou que são obrigados a deixar sua casa e a emigrar ao desconhecido, despojados de tudo", clamou o Papa, que participa no dia de Assis pela paz junto a líderes de diferentes religiões de todo o mundo.
O Papa permanecerá apenas um dia na cidade do chamado santo dos pobres (São Francisco), durante o qual refugiados de guerras de vários países apresentarão seu testemunho do que é passar por um bombardeio ou saques.
"Nos assustamos com alguns atos terroristas, mas isso não é nada comparado com o que ocorre nestes países em que dia e noite caem bombas, assassinam crianças, idosos, homens e mulheres", disse indignado o Papa pouco antes de partir a Assis, para o que chamou de dia "do pranto pela paz".
A peregrinação a Assis, a 130 quilômetros de Roma, durará poucas horas e conta com a presença de hebreus, muçulmanos, budistas, além de cristãos de diferentes igrejas.
O dia pela paz, organizado no âmbito do encontro internacional intitulado "sede de paz", não pede apenas o fim das guerras, mas também que a fé não seja utilizada como arma para gerar conflitos.
"O Islã é a (religião) mais afetada pelo terrorismo", comentou à AFP o imã Abdelfattah Mourou, vice-presidente do Parlamento tunisiano, que estava entre os presentes.
"Estar unidos é a resposta ao terrorismo que quer dividir. Porque o terrorismo quer desestabilizar nossas vidas, quer levar violência a nossa sociedade", explicou Marco Impagliazzo, presidente do grupo católico Comunidade de São Egídio, organizador do evento.
"Há muita sede de paz, pedem os pobres, as vítimas do terrorismo e das guerras em muitos países do mundo. Queremos ser sua voz", afirmou.
Os líderes das grandes religiões mundiais se reunirão posteriormente na praça de São Francisco para fazer um apelo conjunto com o papa Francisco pela paz.
O apelo à paz será entregue a crianças de vários países e será mantido um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
O pontífice argentino, que em agosto deste ano visitou Assis por ocasião dos 800 anos do chamado "Perdão de Assis", retornou pela terceira vez à cidade natal do santo italiano que inspira seu pontificado.
Durante a visita também é comemorado o 30º aniversário dos encontros de Assis, inaugurados em 1986 pelo papa João Paulo II e nos quais participam movimentos e associações eclesiásticas, assim como entidades civis.