Estados Unidos e Rússia continuavam tentando chegar a uma nova trégua na Síria no âmbito da Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (23).
O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse na ONU que é necessário salvar o acordo para o fim as hostilidades na Síria, enquanto o secretário de Estado americano, John Kerry, mencionou "pequenos progressos" no diálogo.
Kerry e Lavrov se reuniram nesta sexta-feira, após o fracasso de uma reunião do Grupo Internacional de Apoio à Síria na véspera. De acordo com o chefe da diplomacia americana, os dois trocaram ideias.
"Eu me encontrei com o chanceler (russo), trocamos algumas ideias e fizemos alguns pequenos avanços. Estamos avaliando algumas ideias mútuas de forma construtiva. Isso é tudo", disse Kerry à imprensa em um hotel de Nova York.
Enquanto isso, na Assembleia Geral da ONU, Lavrov delineou as divergências essenciais com Estados Unidos sobre os requisitos para restabelecer um cessar-fogo, mas disse que é "essencial" manter os esforços para salvar o acordo.
"É essencial prevenir o fracasso desse acordo", disse Lavrov, para quem "não há alternativa" fora do processo conduzido por Moscou e Washington.
Lavrov também afirmou que é necessário conduzir uma investigação "imparcial" sobre o ataque a um comboio de ajuda humanitária da ONU e do Crescente Vermelho nas proximidades de Aleppo, para apontar as responsabilidades.
"Essa é uma condição fundamental para fortalecer um regime de cessar das hostilidades e uma trégua nacional", afirmou.
Pouco depois de seu discurso na Assembleia Geral, Lavrov disse em coletiva de imprensa que os contatos diplomáticos estiveram muito perto de alcançar um entendimento.
De acordo com Lavrov, em um momento da negociação, os Estados Unidos pediram à Rússia que consulte a Síria sobre uma trégua de três dias.
O chanceler russo relatou ter consultado o governo sírio e, pouco mais tarde, retornou com uma resposta positiva.
"Mas, nesse momento, os americanos disseram que agora não queriam três dias, mas sete", acrescentou, sem esconder sua frustração.
Lavrov comentou que os acordos negociados para um cessar-fogo deixam de fora da proteção das tropas e posições do grupo radical Estado Islâmico e da Frente Al-Nusra, mas garante que há grupos rebeldes que atuam junto com a Al-Nusra.
Se os Estados Unidos não conseguirem exercer sua influência sobre esses grupos rebeldes que operam junto à Frente Al-Nusra, os esforços não vão prosperar, acrescentou.
Desde quarta-feira, os Estados Unidos insistem em uma proposta para manter em terra todos os aviões (russos e sírios) que operam nas zonas específicas, como forma de restituir a "credibilidade" a todo o plano de cessar-fogo.
A 71ª Assembleia Geral da ONU termina oficialmente na segunda-feira de manhã, depois que o secretário-geral Ban Ki-moon viajar para a cidade colombiana de Cartagena, para assistir à assinatura do acordo de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na segunda-feira.
O secretário de Estado americano, John Kerry, também estará presente.
Na quarta-feira (21), o presidente Santos protagonizou uma das poucas notas positivas de uma Assembleia Geral frustrada com a violência na Síria, quando apresentou formalmente o acordo de paz para a Colômbia.
"Há uma guerra a menos no planeta", disse ele, em um emocionado discurso, no qual anunciou o fim do conflito armado que deixou, em 52 anos de duração, cerca de oito milhões de vítimas, entre mortos, desaparecidos e deslocados.