O exército sírio conseguiu nesta terça-feira (27) tomar o controle de um bairro rebelde do centro de Aleppo, Farafira, após vários dias de intensos bombardeios aéreos que deixaram dezenas de mortos e causaram indignação nos países ocidentais.
Ao meio-dia local, o exército sírio tomou o controle do bairro de Farafira.
"O exército tomou completamente o controle do bairro Farafira, a noroeste da cidade de Aleppo, depois de neutralizar vários terroristas, e as unidades do Corpo de Engenheiros estão desminando o bairro", indicou à AFP uma fonte militar.
O governo utiliza o termo "terrorista" para designar todos os grupos que pegaram em armas contra Damasco, sejam rebeldes ou extremistas.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) confirmou o avanço, e destacou que o exército havia conseguido se mobilizar em "alguns edifícios" no pequeno "bairro de Farafira".
Esse setor está situado na "linha de frente" que separa desde 2012 a parte oriental da cidade, controlada pelos rebeldes, da parte ocidental, que continua nas mãos do governo.
O exército sírio lançou desde quinta-feira uma forte ofensiva com o intenso apoio de seu grande aliado, Moscou.
"Esta operação é realizada no âmbito das operações militares que foram anunciadas (na quinta-feira), que inclui um componente aéreo e outro terrestre, com a utilização da artilharia", acrescentou o militar sírio.
Desde o término da trégua, a aviação síria e russa multiplicaram os bombardeios contra os bairros nas mãos dos rebeldes, provocando a morte de ao menos 150 pessoas, a maior parte delas civis, denunciou o OSDH.
Nesta terça-feira, o número de bombardeios foi muito menor que nos dias anteriores, mas a atividade aumentou durante a tarde, informou o correspondente da AFP.
O OSDH contabilizou 11 mortos.
Entre as vítimas há uma menina de cinco anos cujo corpo foi descoberto preso entre os escombros de um edifício, segundo constatado pelos jornalistas.
Quando conseguiram retirá-la, seu pai a pegou em seus braços e disse: "Só está dormindo, ela está dormindo".
Um homem que estava ao lado continuava sem achar sua família e olhava para as ruínas atordoado.
Os países ocidentais continuaram denunciando, nesta terça-feira, a potente ofensiva lançada pelo governo após o fracasso da trégua, que durou apenas uma semana.
"Os espantosos ataques de Aleppo são moralmente inaceitáveis e uma violação flagrante do direito internacional", considerou o chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, à margem de uma reunião de ministros da Defesa da União Europeia em Bratislava.
A chanceler Angela Merkel disse que a violência em Aleppo havia chegado a um nível totalmente inaceitável e que é responsabilidade do governo de Bashar al-Assad e da Rússia garantir que a ajuda humanitária chegue à cidade.