Em um período de crise financeira em várias partes do mundo, os setores responsáveis pela administração de recursos para conservação ambiental na América Latina pensam em estratégias para garantir financiamentos para a área. Uma saída parece ser inovar para captar mais recursos do setor privado.
Durante 18ª Assembleia da Rede de Fundos Ambientais da América Latina e Caribe (RedLAC), feita esta semana em Brasília, líderes em administrar financiamentos para conservação e proteção da biodiversidade discutiram o assunto, participaram de painéis e palestras. O setor público é o principal financiador do fundo, mas a crise econômica não oferece uma estimativa de aumento nesse apoio.
Segundo Rosa Montañez, presidente da RedLAC, o financiamento para conservação ambiental deverá sair de uma junção de recursos públicos, parcerias privadas, mecanismos de mercado e contribuições individuais. Ela disse que ainda que o fundo trabalha com “mecanismos de financiamento permanente”, mas começa a investir em outras iniciativas.
“Estamos agora começando a desenvolver iniciativas com o setor privado a nível local e também a nível internacional, conectando os mercados e ainda começando a nos mover na direção de fundos de larga escala para atuar em questões de conservação em todo o mundo que possam criar impactos e lidar com os grandes desafios”.
O evento, encerrado hoje (4), foi patrocinado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), organizado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e teve palestras do fotógrafo Sebastião Salgado e do cineasta Fernando Meirelles.
Meirelles organizou e dirigiu a cerimônia de abertura da Olimpíada 2016. A cerimônia, bastante elogiada mundo afora, adotou um tom sustentável e preocupado com o meio ambiente. Aos participantes da assembleia da RedLAC, disse ter sido um “eco-chato para 3 bilhões de pessoas”, mas enfatizou a importância de conscientizar a sociedade sobre a preservação ambiental. “A gente tem um futuro muito perigoso e esta informação tem que chegar às pessoas com uma carga emocional”.
Sebastião Salgado, por sua vez, está empenhado em levantar recursos para um fundo de recuperação da mata ciliar do Rio Doce, impactada pelo vazamento dos resíduos da barragem da Samarco em Mariana (MG). “Podemos refazer o que nós destruímos”, disse o fotógrafo. Nos anos 90 a fazenda de sua família, às margens do Rio Doce, foi restaurada com apoio da Funbio e hoje tem o status de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).