Silvio Berlusconi, multimilionário que chegou ao poder na Itália sem experiência política, em 1994, vê "analogias evidentes" com o presidente eleito americano, Donald Trump, empresário que, "em certo momento da vida, decidiu aplicar suas aptidões e sua energia a seu país".
"Existem analogias evidentes, embora minha história como empresário seja muito diferente da de Trump, que nunca tive a oportunidade de conhecer", disse Berlusconi em entrevista publicada neste sábado pelo "Corriere della Sera".
Segundo o magnata das comunicações, que conquistou o poder sobre as ruínas da democracia cristã após a operação Mãos Limpas, Trump "foi eleito por todos os americanos cansados da velha política, autista e incapaz de ouvir e compreender".
Esta política cometeu "o erro típico de todas as esquerdas do mundo", afirmou. "O de pensar que o politicamente correto é uma forma de estar perto das pessoas, sem entender que os verdadeiros fracos são os cidadãos açoitados pelo Estado, os impostos, a burocracia, a imigração descontrolada, o desemprego, a ameaça terrorista. E isto tanto nos Estados Unidos quanto na Itália e Europa."
Enquanto o chefe de governo italiano, Matteo Renzi (centro-esquerda), tomou claramente posição a favor de Hillary Clinton, Berlusconi, que se define na entrevista como "centrista liberal e popular", não tomou posição durante a campanha americana, e se recusa a fazê-lo mesmo após as eleições.
"Os americanos escolheram Donald Trump, agora o deixemos trabalhar (...) Os presidentes são julgados pelo que fazem", concluiu.
Chefe de governo italiano três vezes entre 1994 e 2011, Berlusconi, que completou 80 anos em setembro, continua na presidência de seu partido, Forza Italia, mas afirma querer se afastar da política.