Preocupados com a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, ministros europeus de Relações Exteriores planejam abordar as relações com os EUA sobre questões-chave como a Rússia e o Irã em um jantar de emergência convocado para a noite de domingo (13).
A União Europeia trabalhou em estreita colaboração com o governo de Barack Obama para construir uma ampla pressão econômica contra a Rússia sobre a crise ucraniana e chegar a um acordo com o Irã para reduzir seu programa nuclear. Durante a campanha presidencial, Trump sugeriu que poderia desmontar as políticas do seu antecessor em ambas as questões.
Um governo Trump focado em questões domésticas, como alguns na Europa temem, também traz dificuldades para a região, que tem lutado para desenvolver uma maior integração de segurança e de defesa do bloco.
Diplomatas europeus dizem que o resultado final é que, pela primeira vez em décadas, os principais governos europeus têm pouca ideia de como será a próxima política externa do presidente dos EUA. Trump e seus principais assessores de política externa tiveram pouco contato com os principais líderes europeus e seus altos funcionários, embora a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, tenham falado brevemente com Trump durante as eleições.
Em um sinal dessa dificuldade, o chefe da política externa da UE, Federica Mogherini, poucas horas depois da vitória de Trump, pediu aos ministros de Relações Exteriores do bloco que realizassem um jantar privado para debater a UE e os EUA, no domingo à noite, em Bruxelas, um dia antes de uma reunião programada.
Na mesma hora, altos funcionários europeus já alertavam sobre os laços transatlânticos mais turbulentos à frente. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que a Europa deve se preparar para uma política externa "menos previsível" dos EUA. Diplomatas europeus disseram também que a política da UE em relação à Rússia e ao Irã pode rapidamente apresentar conflitos com a nova administração.
As afirmações de Trump sobre laços mais estreitos com o presidente russo, Vladimir Putin, levantou preocupações de que uma aproximação entre os dois países poderia reabrir divisões de longa data dentro do bloco europeu sobre suas sanções contra a Rússia.
Com o estímulo dos EUA, o bloco impôs amplas sanções econômicas após a intervenção de Moscou na crise na Ucrânia em 2014. Essas sanções devem ser renovadas no final de janeiro, poucos dias após o início do governo Trump, mas uma decisão sobre sua extensão provavelmente será necessária no próximo mês, quando os líderes da UE se encontram.