Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) concluíram neste domingo que terão que esperar para ver o que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fará nas próximas semanas, e trabalhar no fortalecimento do papel da Europa nos assuntos mundiais até que o futuro das relações transatlânticas se torne mais claro.
Durante jantares informais em Bruxelas, os ministros sublinharam a importância de respeitar a escolha dos eleitores norte-americanos e fazer contato com a equipe de transição de Trump.
"Teremos de ver que posições serão assumidas pela nova administração nos próximos meses", disse o ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Didier Reynders, após a reunião ter terminado. "O debate agora é ver como a União Europeia pode elevar a importância de seu papel no mundo".
As nações da UE estão ansiosas para ver quantas promessas de campanha de Trump - como posições isolacionistas sobre segurança, sua rejeição a pactos de comércio internacional e recusa em criticar o presidente russo Vladimir Putin - podem se traduzir em políticas reais.
Mas Reynders negou que o encontro teve caráter de uma reunião de emergência, ou que a Europa está em desordem. "Seria bizarro o mundo falar sobre as eleições americanas, mas os ministros dos Negócios Estrangeiros ignorarem o assunto", disse ele.
O ministro italiano para Negócios Estrangeiros, Paolo Gentiloni, observou que Trump toma posse somente em janeiro, e que a Europa tem muito a fazer até então, como lidar com a questão dos refugiados e arrumar saídas para os problemas econômicos. "A Europa deve cuidar de seus próprios problemas e não se preocupar com o que está acontecendo do outro lado do Atlântico", disse ele.
Dada a clara oposição de Trump aos grandes acordos comerciais, os funcionários da UE estão quase certos de que o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), na sigla em inglês, terá de ser renegociado, se ele sobreviver.
Uma das maiores urgências para os ministros europeus é entender como Trump quer lidar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin A UE impôs sanções à Rússia por conta da anexação da Crimeia, e pelo seu papel desestabilizador em outras partes da Ucrânia. Algumas dessas medidas, incluindo o congelamento de bens em indivíduos e organizações, têm renovação previstas para janeiro
Os líderes da UE devem debatê-los em uma cúpula em Bruxelas, de 15 a 16 de dezembro, mas qualquer sinal de Trump sobre a melhora das relações dos EUA com a Rússia pode encorajar países já relutantes como a Alemanha, a Itália e outros para pressionar pelo fim das sanções, disseram diplomatas.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros reúnem-se formalmente amanhã para discutir os laços tensos com a Turquia, país candidato à adesão, o conflito na Síria e na Líbia, e a cooperação de defesa com a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
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