O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém-se concentrado nesta segunda-feira (14) na seleção de postos-chave de seu futuro governo, mas já causou polêmica com a nomeação de uma figura da extrema-direita como principal assessor.
"O que vejo é um presidente eleito que está se preparando", disse o próximo chefe de gabinete na Casa Branca, Reince Priebus, ao ser consultado sobre uma notícia de The Wall Street Journal de que Obama - com quem teve uma conversa "excelente" - passará mais tempo com Trump do que o previsto nas transições presidenciais, devido à sua inexperiência.
O desfile de figuras próximas a Trump continuou nesta segunda-feira na Trump Tower, no centro de Manhattan. Os primeiros a chegar foram os três filhos mais velhos do bilionário - Donald Jr., Ivanka e Eric -, que integram a equipe de transição encarregada dar forma à nova administração.
Steve Mnuchin, um ex-alto funcionário do banco de investimentos Goldman Sachs, que sonha com ser secretário do Tesouro, entrou no prédio.
A Torre está decorada com a foto do próximo presidente americano.
Depois de fazer sua aparição no meio da manhã, a diretora de campanha de Trump, Kellyann Conway, disse que serão anunciadas "novas nomeações" esta semana. Ela informou ainda que o magnata "tem reuniões e entrevistas".
"Continua recebendo muitos telefonemas, de funcionários, de pessoas às quais se opôs nas primárias (republicanas) e de outros formadores de opinião", relatou Conway aos jornalistas.
Segundo ela, outra parte da equipe de transição trabalha na capital, Washington, D.C.
Priebus, que também é presidente do Comitê Nacional Republicano, delineou as prioridades dos 100 primeiros dias de governo Trump: combater a imigração clandestina, reduzir os impostos, definir sua política internacional e reformar o sistema de Saúde de Obama.
"Acho que temos a oportunidade de fazer tudo isso pelo fato de que temos a Câmara de Representantes e o Senado e temos um Congresso ansioso por fazer o trabalho", acrescentou, em entrevista à rede ABC, referindo-se à "surra eleitoral" dos republicanos nos democratas em 8 de novembro.
A escolha de Reince Priebus foi vista como um gesto de Trump ao Partido Republicano, após uma fria relação durante a campanha, assim como a tentativa de sinalizar uma governabilidade tranquila, devido aos laços dele com o presidente da Câmara, Paul Ryan.
Do lado oposto, Trump nomeou como seu principal estrategista e assessor Steve Bannon, que dirigiu sua campanha e é dono do portal de notícias Breitbart News. O "site" funciona como uma caixa de ressonância de setores mais à direita do Partido Republicano e feroz crítico da liderança partidária.
Sua nomeação levantou críticas de associações antirracistas, que o vinculam muito estreitamente à "alt right", uma corrente "alternativa" de extrema-direita que simpatiza com a supremacia branca.
A Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), uma organização contra a discriminação dos judeus, criticou a nomeação de Bannon, ressaltando que "ele e sua 'alt-right' são hostis ao núcleo de valores americanos", tuitou seu presidente, Jonathan Greenblatt.
"Os supremacistas brancos serão representados nos mais altos níveis na Casa Branca de Trump", disse um porta-voz do líder da minoria do Partido Democrata no Senado, Harry Reid.
Conway rejeitou a imagem de um homem racista.
"Estou pessoalmente ofendida que pensem que eu dirigiria uma campanha, em que essa fosse uma das filosofias. Não era", descartou.
"As pessoas deviam dar uma olhada para todo seu currículo", acrescentou, citando o diploma de Harvard de Steve Bannon, um ex-banqueiro de 62 anos.
Bannon e Priebus armam uma "boa equipe", continuou Conway, ressaltando que "ambos têm a coisa mais importante: o chefe os escuta".