A Coreia do Norte iniciou nesta segunda-feira (28) três dias de luto oficial em homenagem ao líder cubano Fidel Castro, um "amigo próximo" e um aliado heroico na luta contra a agressão americana, nas palavras do regime de Pyongyang.
As bandeiras estão a meio mastro em todos os prédios públicos do país para homenagear uma amizade mais próxima na retórica do que na realidade.
O líder norte-coreano Kim Jong-Un enviou uma mensagem de pêsames a Cuba, após a morte na sexta-feira aos 90 anos de Fidel Castro, um "amigo próximo e companheiro" do povo coreano.
Uma delegação oficial liderada por Choe Ryong-Hae, vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, viajou a Havana para acompanhar o funeral de Castro.
No metrô de Pyongyang, os passageiros se reuniram diante de uma vitrine para ler o obituário de Fidel Castro publicado pelo Rodong Sinmun, o jornal do partido comunista norte-coreano.
Ao lado de uma foto de Fidel Castro de barba e uniforme militar, o jornal recorda a visita do cubano ao país asiático em 1986, quando conheceu o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-Sung.
Na ocasião, Fidel Castro recebeu o título de "Herói da Coreia do Norte" por seus esforços para fortalecer as relações entre os dois países e sua luta "antiamericana e anti-imperialista".
"Foi um grande revolucionário. Até o último minuto apoiou e defendeu nossa revolução, lutou intensamente pela independência anti-imperialista e contra os Estados Unidos", afirmou à AFP Kim Hong-Chol, professor de Literatura aposentado ao recordar a visita de Castro.
Apesar da longa permanência no poder, Fidel Castro fez apenas uma visita a Coreia do Norte, o que demonstra uma certa distância cultural e política.
Kim Il-Sung e seu filho e sucessor Kim Jong-Il - que tinha pânico de avião - nunca viajaram a Havana.
Nos anos 1960, Cuba e Coreia do Norte foram rivais no Movimento dos Países Não Alinhados. Fidel Castro era aliado da União Soviética, enquanto Kim Il-Sung permanecia equidistante da disputa entre a URSS e a China, as grandes potências comunistas.
Em 2003, em uma de suas últimas viagens internacionais, Fidel Castro compareceu a uma reunião de cúpula dos Não Alinhados na Malásia e no retorno visitou China, Japão e Vietnã, mas não passou pela Coreia do Norte.
Apesar da falta de sintonia entre os governantes, Coreia do Norte e Cuba, ambos sob sanções dos Estados Unidos, permneciam aliados como demonstrou o caso do navio "Chong Chon Gang".
Em 2013, o Panamá interceptou o cargueiro norte-coreano que transportava, de Cuba para a Coreia do Norte, armas e aviões de combate escondidos sob uma carga de açúcar.
Apesar das afirmações dos dois países de que eram armas para reparos, o navio prosseguiu a viagem até a Coreia do Norte sem a carga.