Os Estados Unidos e seus sócios do G20 negociavam nesta sexta-feira uma declaração conjunta durante uma reunião de ministros de Finanças em Baden-Baden (oeste da Alemanha), com divergências sobre a luta contra as mudanças climáticas e a favor do livre comércio.
É a primeira reunião multilateral que conta com a participação do governo do presidente Donald Trump, e em particular do seu secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
"O comunicado está quase pronto, só há dois temas sobre os quais não há acordo: o comércio e (o financiamento da luta contra as) mudanças climáticas", explicou uma fonte próxima às negociações, que pediu para não ser identificada.
Como era previsto, o governo americano rejeita que a declaração final condene o protecionismo, como é habitual nos encontros do G20, fórum de países ricos e emergentes.
"Posso entender que nossos sócios americanos não queiram se comprometer neste momento, é uma administração que está começando, mas a tradição do G20 é afirmar o livre comércio e rejeitar o protecionismo" explicou à AFP o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.
A reunião do G20 termina no sábado à tarde.
O governo de Trump estuda uma tarifa alfandegária às importações, e a ministra alemã da Economia, Brigitte Zypries, já alertou que seu país pode apresentar uma queixa à OMC se for necessário.
Em uma conversa telefônica na quinta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente chinês, Xi Jinping, já haviam defendido "promover o livre comércio" em encontros como o G20.
Nesta sexta-feira, Merkel voltou a defender esta posição ao ser recebida por Trump na Casa Branca.
O presidente americano insistiu, em uma coletiva de imprensa, que os Estados Unidos foram "tratados injustamente" nas suas relações comerciais bilaterais com vários países.
No que se refere às mudanças climáticas, os negociadores americanos ainda esperam sinais claros de Washington.
O tema do livre comércio pode ser deixado de lado nesta reunião, para ser retomado na cúpula de chefes de Estado e de governo de julho em Hamburgo, o que revela a grande fratura existente entre os Estados Unidos e seus sócios.
"É possível que os Estados Unidos não sejam capazes de dizer hoje qual é sua verdadeira posição, para além das declarações simplistas no âmbito de tuítes", declarou à AFP o ministro francês das Finanças, Michel Sapin, pouco depois de sua chegada a Baden Baden. Com isso se refere ao costume de Trump de expressar através do Twitter posições políticas frequentemente radicais.
A margem de manobra do secretário americano Mnuchin é muito escassa.
"Nosso desejo é não entrar em guerras comerciais", afirmou Mnuchin na quinta-feira em Berlim, após uma reunião com o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble.
Schäuble declarou nesta sexta-feira à rádio que "desde já os americanos são favoráveis ao livre comércio, e de dizê-lo assim em Baden Baden". E acrescentou, otimista: "Acredito que encontraremos um acordo".
O Japão pressionou nesta sexta-feira as maiores economias do mundo a desaprovar a volatilidade cambial, em busca de margem para agir no mercado cambial se o iene se valorizar fortemente.
O ministro das Finanças japonês, Taro Aso, afirmou na entrevista coletiva que é preciso garantir a estabilidade no mercado de câmbio, por isso disse que era importante reafirmar o compromisso anterior contra a volatilidade cambial. Aso também disse que o compromisso ao qual ele se referia incluída a denúncia regular do grupo do excesso de volatilidade e dos movimentos desordenados no câmbio.
O ambiente na sala de reuniões durante a fala de Aso sugere que outros países eram simpáticos às declarações, embora não tenha havido uma discussão sobre a questão do câmbio, disse um graduado funcionário do Ministério das Finanças japonês. A fonte acrescentou que durante o debate nenhum país trocou acusações de guerra cambial para obter vantagem no comércio