Oposição venezuelana marchará até Tribunal Supremo

As marchas têm sido alimentadas pelo descontentamento popular com a crise econômica que atinge o país
AFP
Publicado em 10/05/2017 às 15:40
As marchas têm sido alimentadas pelo descontentamento popular com a crise econômica que atinge o país Foto: Foto: Ronaldo Schemidt/AFP


A oposição venezuelana vai tentar marchar nesta quarta-feira (10) até o Tribunal Supremo de Justiça, no centro de Caracas, cujas decisões contra o Parlamento desataram há 40 dias os protestos contra o presidente Nicolás Maduro que já deixaram 36 mortos e centenas de presos.

Também nesta quarta-feira (10), o Ministério Público venezuelano pediu que sejam julgados em tribunais civis, e não militares, 14 detidos em Rosario de Perijá (norte), onde um grupo de pessoas derrubou a estátua do falecido presidente Hugo Chávez e tentou incendiar a prefeitura em protesto contra o governo.

Apesar das forças de segurança terem impedido, com gás lacrimogêneo, seu avanço ao centro da capital nos dias anteriores, os opositores insistem em exigir eleições gerais para tirar Maduro do poder e rejeitam a Assembleia Nacional Constituinte convocada pelo governo.

"Quando fecham todas as portas democráticas a um povo, o que resta? Ir às ruas. Estamos em uma fase de resistência", declarou o líder da oposição Henrique Capriles, encorajando manifestações em todo o país.

As marchas têm sido alimentadas pelo descontentamento popular com a crise econômica que atinge o país rico em petróleo, bem como uma grave escassez de alimentos e medicamentos e uma inflação, a mais alta do mundo, que segundo o FMI será de 720% este ano.

Os protestos começaram no dia 1º de abril, depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) retirou a imunidade dos deputados e assumiu as funções do Parlamento, único poder controlado pela oposição.

A oposição chamou s decisões - parcialmente anuladas após forte pressão internacional - de "golpe de Estado", que ganhou novo capítulo com a convocação por Maduro, em 1º de maio, de uma Constituinte para aprofundar a revolução socialista.

A Procuradoria contabilizou 36 mortos em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes, saques, tiroteios e outros distúrbios. E segundo a ONG Foro Penal, 1.990 pessoas foram presas, das quais 650 continuam detidas.

Na última sexta-feira (5), um grupo de pessoas, especialmente estudantes do ensino médio, arrancou do pedestal e destruiu a estátua de Hugo Chavez em uma praça pública da cidade de Rosario de Perijá, e depois tentou incendiar a prefeitura e outros prédios públicos.

A estátua de Chávez, que governou entre 1999 e 2013, foi derrubada depois de confrontos entre soldados e opositores em uma avenida que atravessa Rosario de Perijá. Segundo a imprensa, vários dos detidos estão sob custódia militar.

A este respeito, "o promotor 41 de Zulia solicitou que os 14 detidos nos incidentes em Villa del Rosario sejam julgados por um tribunal civil e não militar", informou a MP federal em uma mensagem no Twitter.

De acordo com a ONG Foro Penal, o governo está aplicando esta medida, porque a procuradora-geral Luisa Ortega, apesar de próxima ao chavismo, denunciou prisões arbitrárias no contexto dos protestos da oposição.

A oposição e grupos de defesa dos direitos humanos denunciam o julgamento de civis por tribunais militares como uma manobra do presidente Nicolás Maduro para "criminalizar" os protestos.

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