O Conselho de Segurança da ONU condenou firmemente, nesta segunda-feira (22), o último teste de míssil balístico da Coreia do Norte e garantiu que pressionará todos os países para que reforcem as sanções contra Pyongyang.
Em um comunicado unânime apoiado inclusive pela China, aliado da Coreia do Norte, o Conselho instruiu seu comitê de sanções a redobrar os esforços para implementar uma série de fortes medidas adotadas no ano passado.
O Conselho de Segurança celebrará na terça-feira um encontro de emergência a portas fechadas a pedido de Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos para discutir outras ações em resposta ao último teste balístico de Pyngyang.
O comunicado, esboçado pelos Estados Unidos, é quase idêntico ao adotado na semana passada após o lançamento de um míssil de médio alcance que, segundo o regime norte-coreano, tinha a capacidade de portar uma pesada ogiva nuclear.
O Conselho exigiu da Coreia do Norte que "não realize mais testes nucleares, nem testes balísticos".
A Coreia do Norte confirmou na segunda-feira o lançamento bem sucedido de um míssil balístico de médio alcance e acrescentou que o armamento está pronto para ser usado.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, supervisionou o lançamento, noticiou a agência oficial KCNA, acrescentando que Kim "aprovou a ativação deste sistema de armamento para a ação".
A KCNA noticiou ainda que o míssil é do tipo Pukguksong-2, que usa combustível sólido, o que encurta consideravelmente o tempo de abastecimento em comparação aos mísseis alimentados com combustível líquido.
"Agora que os dados técnicos e táticos cumprem as exigências do Partido, esse tipo de míssil deve ser produzido rapidamente em série para armar as forças estratégicas" do Exército, declarou Kim, citado pela agência estatal.
O míssil, disparado da localidade norte-coreana de Pukchang, percorreu 500 quilômetros antes de cair no Mar do Japão, segundo os exércitos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
Este foi o segundo teste de míssil em uma semana e o 10º em 2016.
O teste anterior, de 14 de maio, representou, segundo analistas, o lançamento de maior alcance até hoje da Coreia do Norte.
De acordo com os especialistas, este míssil Hwasong-12 teria alcance sem precedentes de 4.500 km e poderia, em tese, atingir as bases americanas da ilha de Guam, no Oceano Pacífico.
A Coreia do Norte poderia utilizar o Hwasong como base para desenvolver um míssil balístico intercontinental (ICBM) com potência nuclear, suscetível de alcançar o território continental dos Estados Unidos.
É pouco provável que o lançamento do Pukguksong-2 seja o último, adverte Kim Dong-Yub, especialista em mísseis do Instituto de Estudos do Leste da Ásia na Universidade Kyungnam.
"Tudo isto levará, em última instância, ao desenvolvimento de um ICBM de combustível sólido".
Os lançamentos e a ameaça latente de um sexto teste nuclear aumentaram a tensão com o governo do presidente americano Donald Trump, que prometeu que a aspiração de Pyongyang não será concretizada.
No cruzamento de declarações, Trump advertiu que todas as opções estão sobre a mesa na hora de abordar o programa norte-coreano, embora até agora Washington tenha se limitado a estabelecer sanções e pressão diplomática.
Nestes esforços, os Estados Unidos voltou-se para a China, que é o aliado mais próximo da Coreia do Norte, com a expectativa de que Pequim interceda ou exerça pressão. Pequim apoiou na segunda-feira o comunicado do Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte.
O novo presidente sul-coreano, Moon Jae-In, partidário de uma postura mais conciliadora com relação ao norte do que o governo anterior, reagiu energicamente aos dois últimos disparos.
O ministério sul-coreano das Relações Exteriores denunciou um ato irresponsável, que "esfria as esperanças do novo governo e da comunidade internacional" de assistir à desnuclearização da Coreia do Norte.
Pyongyang conta há tempos com artefatos capazes de atingir o Japão e a Coreia do Sul.
O regime norte-coreano costuma dirigir aos vizinhos do sul ameaças apocalípticas e alguns moradores já começam a dar sinais de preocupação. "Cada vez que a Coreia do Norte dispara um míssil, fico nervoso", afirmou Yoon Shing-Hong, morador de Seul. "Não sabemos quando pode começar uma guerra".