A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou na noite desta terça-feira (23) a elevação do nível de alerta terrorista de "grave" para "crítico", um dia após o atentado suicida cometido por um estudante de origem líbia em Manchester que deixou 22 mortos.
"Não podemos ignorar a possibilidade de que um grupo mais amplo de indivíduos esteja ligado ao atentado de Manchester", declarou Theresa May, após o atentado no final do show da cantora pop Ariana Grande na cidade do noroeste da Inglaterra.
O nível de alerta "crítico" significa a possibilidade de um ataque iminente.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado nas redes sociais, indicando que um "dos soldados do califado colocou bombas no meio da multidão". Os extremistas ameaçaram realizar novos ataques.
A polícia identificou Salman Abedi, 22 anos, "como o suspeito da atrocidade cometida na noite passada" em Manchester.
De acordo com a imprensa britânica, Abedi nasceu em Manchester de pais que fugiram do regime líbio de Muammar Khadaffi.
Os pais de Abedi emigraram primeiro para Londres antes de se estabelecerem no sul de Manchester, no bairro de Fallowfield, onde vivem há dez anos. Eles tiveram três filhos.
"Nossa prioridade é estabelecer se ele agiu sozinho ou dentro de uma rede", acrescentou o comissário de polícia.
Um homem de 23 anos foi preso poucas horas antes em Chorlton, ao sul de Manchester, por ligação com o atentado, segundo a polícia, que não especificou a natureza do vínculo.
O autor do atentado "deliberadamente visou crianças e jovens que deveriam estar aproveitando uma das melhores noites de suas vidas", lamentou Theresa May.
Uma menina de 8 anos, Saffie Rose Roussos, foi a segunda vítima identificada depois de Georgina Callander, de 18 anos, uma estudante também de Lancashire, no atentado.
De acordo com a imprensa britânica, Saffie assistiu ao show na Manchester Arena ao lado da mãe e da irmã.
O número de mortos pode aumentar, uma vez que alguns dos 59 feridos hospitalizados estão em estado grave, segundo May, que chegou no início da tarde em Manchester, terceira maior cidade do país.
Entre os feridos, há 12 crianças com menos de 16 anos, segundo indicou David Radcliffe, diretor do serviço de ambulâncias da cidade.
Pais desesperados continuavam à procura de seus filhos, lançando apelos nas redes sociais, enquanto uma estrutura foi montada no estádio de futebol do Manchester City para as vítimas e os parentes.
"Havia muitas crianças e adolescentes como minha filha no show. É uma tragédia", lamentou Stephanie Hill, que assistiu ao show com sua filha Kennedy.
"Alguns pais carregavam as filhas nos braços chorando", contou à AFP Sebastian Díaz, um jovem de 19 anos de Newcastle.
"A arena ficou pavorosamente em silêncio durante cinco ou seis segundos, que pareceram mais longos, e depois todo mundo correu em todas as direções", afirmou à AFP Kennedy.
"As pessoas caiam umas sobre as outras. Foi um completo caos. Queríamos sair o mais rápido possível porque achávamos que poderia haver alguém atirando", relatou ainda.
A rainha Elizabeth II chamou de "ato bárbaro" o atentado suicida de Manchester na segunda-feira à noite.
"A nação inteira está chocada (...) expresso minha mais profunda simpatia a todos os afetados por esse terrível evento, em particular as famílias e próximos daqueles que foram mortos ou feridos" neste "ato bárbaro", declarou a rainha em um comunicado.
O ataque de Manchester é o mais grave no Reino Unido desde julho de 2005, quando vários atentados suicidas deixaram 52 mortos, incluindo quatro terroristas, e 700 feridos no metrô e em um ônibus de dois andares de Londres. Esta ação foi reivindicada por um grupo que dizia pertencer à Al-Qaeda.
Acontece dois meses após o realizado perto do Parlamento de Londres, que fez 5 mortos e que foi igualmente reivindicado pelo EI.
"Nossa solidariedade com o povo do Reino Unido é total", declarou o presidente americano Donald Trump, condenando os "perdedores maléficos" por trás do atentado.
"Tantos jovens, belos, inocentes vivendo e apreciando suas vidas assassinados por perdedores maléficos", afirmou Trump durante uma visita ao Oriente Médio.
A chanceler alemã Angela Merkel expressou sua "tristeza e horror", enquanto o presidente russo Vladimir Putin declarou que está disposto a "desenvolver a cooperação antiterrorista" após o atentado "cínico e desumano".
O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou "horror e consternação" com o atentado.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, anunciou o reforço da segurança nas ruas da capital da Inglaterra.
"Estou em contato constante com a Polícia Metropolitana, que está revisando o dispositivo de segurança em Londres. Os londrinos verão mais policiais em nossas ruas", disse Khan.
Ariana Grande tinha uma apresentação prevista para a Arena O2 de Londres na quinta-feira.
"Devastada. Do fundo do meu coração, sinto muito. Não tenho palavras", escreveu a cantora no Twitter.
O atentado provocou a suspensão dos atos da campanha para as eleições de 8 de junho na Grã-Bretanha e aconteceu exatamente dois meses depois do ataque perto do Parlamento de Londres que deixou cinco mortos, quando um homem avançou com seu carro contra uma multidão e esfaqueou um policial.
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou "medidas de segurança reforçadas em e nos arredores dos locais e eventos públicos".