Prisioneiros palestinos encerram greve de fome após 41 dias

A greve de fome começou em 17 de abril e contava com a adesão de cerca de 800 detidos
AFP
Publicado em 27/05/2017 às 10:28
A greve de fome começou em 17 de abril e contava com a adesão de cerca de 800 detidos Foto: Foto: MAHMUD HAMS / AFP


Centenas de prisioneiros palestinianos detidos em penitenciárias israelenses encerram neste sábado 41 dias de greve de fome depois de obterem, de acordo com os seus apoiantes, garantias de melhorias nas condições das prisões.

O movimento foi suspenso, no primeiro dia do mês de jejum do Ramadã, após um acordo entre representantes dos prisioneiros e as autoridades israelenses, informou à AFP o presidente do Clube dos Prisioneiros, Qaddura Fares.

A greve de fome começou em 17 de abril e contava com a adesão de cerca de 800 detidos nos últimos dias, incluindo seu iniciador, Marwan Barghuthi, apelidado de "o Mandela palestino" por seus partidários e condenado à prisão perpétua por Israel por seu papel na segunda Intifada.

"Até às 08h00 de sexta-feira, a administração penitenciária israelense assegurava que nenhuma negociação era possível", indicou Fares. "Duas horas depois, tudo mudou".

Os funcionários da prisão se reuniram com Marwan Barghuthi em sua cela e "discutiram por mais de 20 horas" e, por fim, "um acordo foi alcançado", acrescentou.

Os detalhes deste acordo não foram anunciados. Issa Qaraqe, encarregado dos prisioneiros na Autoridade Palestina, indicou à AFP que as condições serão anunciadas "em breve".

Um porta-voz da administração penitenciária israelense declarou por sua vez que o acordo foi alcançado com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Autoridade Palestiniana e não com os representantes grevistas.

VITÓRIA

O acordo prevê o direito a duas visitas por mês contra um antes do início da greve. Esta era uma das principais reivindicações dos grevistas.

"O CICV está pronto para ajudar a organizar uma segunda visita" por mês, afirmou seu porta-voz, Jesus Serrano.

Ele comemorou o fim da greve porque sua organização, única autorizada a visitar os detentos, estava "preocupada com a deterioração da saúde dos grevistas".

Trinta deles foram hospitalizados nos últimos dias devido a seu delicado estado de sua saúde, de acordo com a administração penitenciária.

Os detentos também exigiam telefones públicos nas prisões, o fim da "negligência médica" e do castigo de isolamento, bem como acesso a canais de TV e ar condicionado. Eles não obtiveram telefones públicos, de acordo com o porta-voz da administração penitenciária.

Apesar da imprecisão quanto aos resultados, os palestinos declararam "vitória" e elogiaram "a epopeia da dignidade e da liberdade" ao final de uma das greves de fome mais longas da história do movimento de prisioneiros.

Em Ramallah, sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada, dezenas de familiares, principalmente mães e filhas de presos, estavam reunidas para apoiar os grevistas de fome.

Com este movimento, os palestinos conseguiram chamar a atenção para as condições de detenção de 6.500 palestinos encarcerados por Israel, incluindo dezenas de mulheres e crianças, e denunciar o sistema de justiça israelense aplicado aos palestinos nos territórios ocupados.

Para o cientista político Abdel Majid Suilem, o movimento "forçou Israel a negociar com os representantes dos detidos". "Resta saber se Israel irá respeitar os seus compromissos", disse à AFP.

Os palestinos multiplicaram os contatos internacionais desde 17 de abril. O presidente Mahmud Abbas pediu na quinta-feira que o enviado americano Jason Greenblatt mediasse a questão, a fim de evitar uma conflagração nos territórios ocupados caso a extensão da greve provocasse a morte de detidos.

Várias manifestações de apoio terminaram em violência nas últimas semanas.

O tema dos presos é crucial para os palestinos. Cerca de 850.000 palestinos, no total, foram presos desde 1967 e a ocupação dos Territórios palestinos, segundo seus dirigentes.

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