Eleições no Reino Unido gera mais incertezas no processo do Brexit

Eleições retiraram 13 cadeiras do Partido Conservador, que perdeu a amioria absoluta na Câmara dos Comuns
Estadão Conteúdo
Publicado em 09/06/2017 às 21:32
Eleições retiraram 13 cadeiras do Partido Conservador, que perdeu a amioria absoluta na Câmara dos Comuns Foto: Foto: AFP


A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, decidiu antecipar as eleições gerais no país, a fim de fortalecer sua posição. A disputa nas urnas de ontem, porém, teve resultado amargo para ela, que viu seu Partido Conservador perder a maioria absoluta que tinha na Câmara dos Comuns, vendo-se obrigada a buscar uma coalizão para seguir no posto. Embora ainda existam muitas dúvidas sobre o cenário futuro, analistas apontam que já está claro que aumentaram as incertezas para o processo de negociação do país de sua saída da União Europeia, o chamado Brexit.

A Eurasia diz que o quadro mais provável, com 75% de chance, é que o Partido Conservador governe em uma coalizão com o Partido Unionista Democrático. Para a consultoria, porém, o governo da premiê pode não durar muito, após a abordagem dela para a negociação com a UE ser rejeitada pelos eleitores. Além disso, a Eurasia acredita que a perspectiva para o Brexit agora é "muito incerta", mas com probabilidade de uma ruptura mais branda com o bloco, seja com um governo conservador ou uma aliança progressista comandada pelo Partido Trabalhista, que ficou em segundo lugar na disputa eleitoral.

A IHS Markit acredita que o poder limitado do governo conservador no Parlamento deve retardar as negociações do Brexit "A premiê May pode ser forçada a uma estratégia de negociação mais volátil e imprevisível, devido a dificuldades de ganhar o apoio parlamentar doméstico em temas contenciosos, como as contribuições finais do Reino Unido para o orçamento da UE", diz a consultoria.

O Barclays sustenta que o resultado enfraquece a posição do governo atual para negociar com a UE. O banco acredita que pode haver uma mudança de governo, no verão local, o que atrasaria o processo de negociações. O Barclays diz ainda que é cedo para dizer se o processo de saída do Reino Unido pode ser mais contencioso ou não: por um lado, governos mais fracos não têm em geral a capacidade de adotar posições fortes, mas por outro os deputados podem continuar a apoiar a plataforma estabelecida pelo governo de May, como o maior controle da imigração e o não reconhecimento da jurisdição da Corte Europeia de Justiça, "que na essência permanecem incompatíveis com o acesso ao mercado comum".

O Barclays afirma que, com o resultado eleitoral, diminuiu a chance de um fim antecipado e com ruptura para as negociações do Brexit. Porém um Parlamento sem maioria absoluta dá espaço para um pequeno grupo de conservadores bloquear a ratificação de um acordo final mais adiante, alerta o banco. "O risco de um cenário do pior tipo iria então pesar sobre o sentimento e o desempenho econômico durante as negociações", diz o banco britânico.

O banco alemão Commerzbank, por sua vez, diz que mais atrasos nas negociações com a UE seriam o "pior cenário", por aumentarem as incertezas. O Commerzbank prevê que, quanto antes fique claro que a formação do governo não demorará muito, mais rápido a libra pode ser recuperar. Além disso, se o novo governo sinalizar que adotará um rumo diferente em relação ao Brexit, a recuperação será mais forte, segundo a instituição.

Escócia

Outra consultoria que divulgou nota com análise do resultado foi a Stifel. Segundo ela, com o resultado a chance de um plebiscito sobre a independência da Escócia diminuiu, já que o Partido Nacional Escocês perdeu 21 de suas 56 cadeiras no Parlamento para outras siglas, que desejam permanecer no Reino Unido.

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