Os presidentes da China e dos Estados Unidos conversaram nesta segunda-feira (3) por telefone, em um momento de tensão após a presença de um navio americano nas imediações de uma ilha controlada por Pequim no mar da China Meridional, ato considerado uma "provocação" pelas autoridades chinesas.
Xi Jinping e Donald Trump conversaram sobre a desnuclearização da Coreia do Norte e uma relação comercial melhor, entre outros temas, mas não sobre o incidente marítimo, de acordo com um comunicado da Casa Branca.
As relações bilaterais melhoraram depois de um encontro entre os dois presidentes em abril. Mas várias iniciativas de Washington provocaram a revolta de Pequim nos últimos dias.
"As relações bilaterais são afetadas por certos fatores negativos", afirmou Xi, segundo o canal de televisão estatal CCTV.
"Esperamos que os Estados Unidos possam tratar corretamente as questões relativas a Taiwan, de acordo com o princípio de uma China única", completou.
A administração Trump provocou a fúria do governo chinês ao autorizar no fim de junho uma venda de armas por 1,3 bilhão de dólares a Taiwan, uma ilha independente de fato, mas que tem a soberania reivindica pelo regime comunista.
A manobra marítima realizada pela Marinha americana no domingo, pouco antes da conversa entre Trump e Xi, que já estava prevista, parece confirmar o esfriamento nas relações entre os países.
O destróier "USS Stethem" passou a menos de 12 milhas náuticas (22 km) da ilha Triton, que faz parte do arquipélago das ilhas Paracel, território que também é reivindicado por Taiwan e pelo Vietnã, indicou em Washington um funcionário do governo americano.
A China denunciou imediatamente "uma séria provocação política e militar".
Pequim respondeu com o envio de embarcações militares e aviões de combate como medida de advertência contra o navio americano, indicou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lu Kang, em uma declaração difundida no domingo pela agência estatal Xinhua.
"A China urge energicamente à parte americana colocar fim imediatamente a esse tipo de provocação que viola a soberania da China e ameaça sua segurança", indicou o porta-voz da chancelaria, antes de acrescentar que Pequim continuará adotando todas as medidas necessárias para defender a soberania e a segurança nacionais.
A operação que provocou a revolta de Pequim foi a segunda do tipo realizada no Mar da China Meridional desde o início do governo de Donald Trump.
A primeira aconteceu em 25 de maio no arquipélago Spratly, mais ao sul.
As manobras pretendem reafirmar a liberdade de navegação e estão destinadas a impugnar a soberania da China ou de qualquer outro país nestas águas e ilhas, à espera de uma solução diplomática para o tema.
Pequim reivindica a quase totalidade do Mar da China Meridional, que inclui zonas muito próximas às costas de vários países do sudeste asiático, e ocupa o arquipélago Paracel e várias pequenas ilhas do arquipélago Spratly, que foram ampliados artificialmente para abrigar potenciais bases militares.
A zona estratégica abrigaria importantes reservas de gás e petróleo.
A China construiu ilhas artificiais nos últimos anos nesta região e planeja bases militares potenciais em minúsculos recifes.
Washington não aceita as anexações das pequenas ilhas, prática também adotada por outros países da região, e defende uma solução diplomática para as divergências.